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Assassinatos de homossexuais triplicaram em 5 anos no Brasil

11 jan 2013 - 14h49
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O número de assassinatos de homossexuais quase que triplicou em cinco anos no Brasil e passou de 122 casos em 2007 para 336 em 2012, segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira pela associação Grupo Gay da Bahia (GGB), que usa dados da Polícia.

O relatório mostrou que os homicídios de homossexuais aumentaram paulatinamente e, no último ano, cresceram 26% no país.

São Paulo foi o estado onde mais assassinatos foram registrados, 45, enquanto a taxa de homicídios mais alta correspondeu a Alagoas, onde foram registradas 18 mortes, o que representa 5,6 mortos por cada milhão de habitantes.

Além das 336 mortes no Brasil, o relatório acrescenta o assassinato de duas brasileiras na Itália que, previamente, "tinham sido expulsas" de seu país por homofobia, segundo disse à Agência Efe o responsável do relatório, o antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB, a maior e mais antiga associação deste grupo no Brasil.

Entre todos esses homicídios, 188 eram homens homossexuais, dois bissexuais, 19 lésbicas, 128 travestis e também se incluiu o caso de um jovem heterossexual que foi assassinado por um grupo de radicais que o confundiu com um gay.

Mott atribuiu o aumento de assassinatos ao aumento generalizado da violência no país, à impunidade dos crimes, à falta de políticas públicas para proteger os grupos mais vulneráveis e à "maior visibilidade" dos homossexuais, que a cada ano organizam mais desfiles e "saem mais do armário".

"O Brasil é um país extremamente contraditório no tratamento aos gays. Tem um lado rosa, com a maior parada gay do mundo, com três milhões de pessoas em São Paulo, a maior associação LGBT ibero-americana e muita visibilidade em ruas, mas tem um lado vermelho sangue. É o campeão mundial de assassinatos", afirmou.

Segundo o antropólogo, em 70% dos casos publicados no relatório, a Polícia não identificou os assassinos, que ficaram impunes.

Os gays brasileiros também enfrentam o problema da "homofobia governamental", segundo Mott, que se plasma em que a Polícia e os juízes "veem os gays como réus, não como vítimas" e também nas decisões dos poderes públicos.

Mott disse que a presidente Dilma Rousseff contribuiu para "radicalizar" o problema, ao vetar em maio do ano passado a distribuição nas escolas de material que trata sobre a homossexualidade e o combate à homofobia, o que gerou protestos de grupos religiosos.

O antropólogo também pediu que a governante pressione seus aliados no Congresso para que seja aprovado um projeto de lei que pretende equiparar a homofobia ao delito de racismo, que está bloqueado há anos pela pressão da influente bancada evangélica.

EFE   
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