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Um inverno 30 graus mais quente no Polo Norte

30 dez 2015 - 14h26
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Massas de ar subtropicais chagam até o Ártico e deixam termômetros da região, que geralmente ficam nos 30 graus negativos, perto de zero. Mês de novembro foi o mais quente em mais de 130 anos.

Meteorologistas alertam que uma tempestade próxima à Islândia nesta quarta-feira (30/12) deverá mover massas de ar subtropicais até o Polo Norte, deixando as temperaturas no Ártico mais altas dos que os habituais 30º negativos do inverno na região.

As temperaturas no Polo Norte estavam nesta quarta-feira em torno de 0º Celsius. O arquipélago de Spitzenberg, na Noruega, situado dentro do círculo polar ártico, chegou a registrar 3º de temperatura.

O serviço meteorológico islandês prevê temperaturas entre zero e 5ºC, em combinação com ventos fortes e mar alto. A leste, uma zona de alta pressão se instalou sobre a polônia e a Rússia, deixando o ar relativamente seco na Europa Ocidental. Já o Reino Unido, que vem sofrendo fortes enchentes nos últimos dias, vai enfrentar ainda mais chuvas e mar alto em razão da chamada tempestade Frank.

Especialistas dizem que a tempestade de inverno é historicamente incomum, em razão da pressão atmosférica baixa em combinação com altas correntes atmosféricas. Anomalias semelhantes também ocorreram no norte do Canadá e na Sibéria.

"Impressionante" onda de calor

Na segunda-feira, o especialista do jornal Washington Post Jason Samenow analisou que "a onda de ar quente que forma uma linha reta em direção ao Polo Norte é algo impressionante".

Jake Crouch, da agência meteorológica americana (NOAA), disse que o fenômeno "El Niño", que causa temperaturas extraordinárias na superfície do Pacífico equatorial, poderia estar causando os efeitos de alastramento no Atlântico e até mesmo na Europa.

Em meados de dezembro, a NOAA afirmou que o aquecimento da atmosfera na região do Ártico ocorre em níveis duas vezes mais rápidos do que em qualquer outra parte do mundo. "Sabemos que é em razão das mudanças climáticas", alertou o cientista-chefe da organização, Rick Spinrad.

A NOAA afirma que, nos últimos anos, o gelo no Mar do Ártico, que normalmente atinge o máximo da cobertura no hemisfério norte durante o ápice do inverno em fevereiro, teve a menor extensão registrada desde o início das medições, em 1979.

O recuo do gelo marítimo é tido como uma das maiores ameaças aos ecossistemas, incluindo a dependência de espécies como morsas que utilizam essas camadas para se acasalar e parir os filhotes.

A agência americana relatou a ocorrência de florações excepcionais de plânctons nas regiões costeiras do Ártico, incluindo o Estreito de Bering, entre o Alasca e a Rússia.

Além disso, peixes subárticos se movimentam em direção as águas do Ártico, levando riscos a espécies menores na região, não familiarizadas com esses predadores. Ainda assim, essa movimentação acaba sendo benéfica aos pescadores da Groenlândia.

Novembro mais quente em 136 anos

Nos anos 1980, até metade da camada do Ártico era constituída por gelo mais espesso e mais antigo. No final do último inverno polar, em março, gelos de apenas um ano cobriam 70% dessa camada.

A tendência de aquecimento fez com que o mês de novembro de 2015 fosse o mais quente em 136 anos, e marcou o sétimo mês seguido de altas inéditas de temperatura.

Em dezembro, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP21) em Paris, países ricos e emergentes chegaram a um acordo considerado o mais importante para lidar com as questões do aquecimento global, desde a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997.

O Acordo de Paris, que entrará em vigor até 2020, tem como objetivo limitar a elevação da temperatura a menos de 2ºC em relação ao nível pré-industrial e "perseguir esforços para limitar o aumento a 1,5ºC".

RC/dpa/afp/ap

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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