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Sobreviventes retornam a Utoeya para rememorar tragédia nacional na Noruega

20 ago 2011 - 13h15
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Os sobreviventes do massacre de Utoeya, onde 69 pessoas morreram baleadas pelo extremista Anders Behring Breivik no dia 22 de julho, voltaram neste sábado à ilha, situada a 40 quilômetros de Oslo, para relembrar a tragédia de quase um mês atrás, acompanhados de familiares das vítimas.

Esta visita a Utoeya, que seguiu à feita na sexta-feira pelos parentes das vítimas, centrou as cerimônias do segundo de três dias de luto pelas vítimas dos atentados, a ponto de se completar um mês desde que ocorreram, e que serão fechados neste domingo com um memorial no centro Oslo Spektrum.

Cerca de mil pessoas, entre sobreviventes e acompanhantes, chegaram a Utvika, em frente à ilha onde Breivik atirou indiscriminadamente contra dezenas de pessoas, quase todos jovens que participavam do acampamento das juventudes do Partido Trabalhista (AUF, na sigla em norueguês).

Dali, embarcações do Ministério da Defesa os levaram a Utoeya. A imprensa pôde cobrir a visita apenas de longe, para preservar a privacidade dos visitantes, que estiveram acompanhados apenas de policiais, médicos e psicólogos.

Muitos dos jovens acenderam velas e depositaram flores e cartas nos locais onde o extremista atirou contra jovens ligados ao Partido Trabalhista, relatou ao término da visita Eskil Pedersen, secretário das AUF.

"É difícil voltar a ver os lugares onde foram assassinados seus amigos, mas ao mesmo tempo foi bom retornar a um local onde se pode concentrar na solidariedade", disse Pedersen, sobrevivente do massacre, ao desembarcar em Utvika. Ele admitiu que pensa na tragédia a cada dia e às vezes não pode evitar chorar.

Pedersen destacou que as reações dos sobreviventes foram distintas e que, para alguns, é cedo demais para voltar após quatro semanas.

"Nem todos os que estavam na ilha voltaram hoje. E devemos ter absoluto respeito para que as pessoas reajam de forma distinta. Alguns voltarão mais tarde, enquanto outros provavelmente nunca vão querer fazê-lo", declarou.

Em uma tentativa de devolver a normalidade à ilha, interditada pela Polícia desde o dia do atentado e reaberta nesta sexta-feira e sábado apenas para a visita dos familiares e dos sobreviventes, as AUF programaram para o final um encontro com canções e discursos, entre eles, o do primeiro-ministro norueguês, o trabalhista Jens Stoltenberg.

"Foi muito bom ver os membros das AUF sorrirem novamente em Utoeya", assinalou Pedersen.

O ministro da Indústria e ex-secretário das AUF (1992-1996), Trond Giske, também se mostrou otimista após visitar a ilha, considerada há décadas o reduto da juventude trabalhista norueguesa. "Certamente voltarei a Utoeya centenas de vezes, mas dessa vez foi muito especial. Foi incrível ver como uns cuidavam dos outros".

Os sobreviventes e os familiares das vítimas de Utoeya se reunirão mais tarde em hotel no centro de Oslo, em uma atividade organizada pelo Ministério da Saúde e Serviços Sociais.

Esta pasta é outra das responsáveis pela organização da visita dos sobreviventes e familiares das vítimas do outro ataque do dia 22 de julho, quando oito pessoas morreram na explosão de uma bomba no complexo de prédios públicos no centro de Oslo.

"Para muitos, será um pequeno passo para poder recuperar Utoeya", declarou neste sábado o diretor-geral do Ministério, Bjoern-Inge Larsen, cujo departamento é um dos organizadores da visita.

Breivik, de 32 anos, autor confesso do massacre, detonou um carro-bomba em Oslo no dia 22 de julho e, logo depois, se deslocou a Utoeya para abrir fogo indiscriminadamente contra os jovens, a maioria com idades entre 14 e 19 anos.

EFE   
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