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Síria diz que reação da ONU sobre Tremseh foi 'precipitada'

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Um porta-voz do governo da Síria rebateu neste domingo acusações de que helicópteros e artilharia pesada tenham sido usados no ataque ao povoado de Tremseh, onde ativistas da oposição afirmam ter acontecido um massacre.

Jihad Makdissi afirmou que as armas mais pesadas empregadas na operação foram lançadores de granada. De acordo com o porta-voz governista, a ação foi uma resposta militar a grupos armados na região.

Ele também classificou de "precipitada" e "não baseada em fatos" a carta enviada pelo enviado especial das Nações Unidas à Síria, Kofi Annan, na qual ele alega que helicópteros e artilharia foram usados.

No entanto, observadores da ONU que estiveram em Tremseh confirmaram o uso de artilharia pelas tropas sírias.

O grupo internacional disse ainda que o principal alvo do ataque foram ativistas de oposição e desertores do Exército.

"Uma gama diversa de armas foi utilizada, incluindo artilharia, morteiros e armamentos de pequeno porte. O ataque a Tremseh parece ter tido como alvo casas e grupos específicos, principalmente de militares desertores e ativistas", disse Sausan Ghosheh, porta-voz da missão da ONU no país.

Ela relembrou que o uso de armamento de guerra é uma clara violação dos termos do acordo assinado entre o regime do presidente Bashar al-Assad e as lideranças da oposição - sob a mediação do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, o ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan.

Nova visita a Tremseh

A oposição alega que mais de 200 civis foram assassinados na quinta-feira, mas não apresentou provas conclusivas disso até o momento.

"Havia poças de sangue e sangue nas paredes de várias casas, assim como cartuchos de munição", disse a porta-voz da ONU, acrescentando que uma escola foi queimada durante a ofensiva.

Neste domingo, o grupo de observadores da ONU volta a Tremseh para dar continuidade à investigação.

Eles ainda não conseguiram determinar quantas e quem foram as pessoas que morreram no episódio nem quem lançou o ataque.

No sábado, o governo sírio apresentou na televisão homens capturados no povoado e acusados de serem "terroristas" como suposta prova de que o ataque a Tremseh teria sido uma operação militar contra rebeldes.

Ainda na sexta-feira testemunhas e ativistas de oposição descreveram um cenário de horror no vilarejo de Tremseh.

Há relatos contraditórios sobre o que pode ter sido o maior massacre desde o início do conflito na Síria, em março de 2011.

Segundo a oposição, cerca de 220 pessoas morreram em Tremseh. O governo sírio, entretanto, afirma que 37 pessoas morreram, e que o vilarejo foi atacado por "grupos terroristas armados".

Como o conflito dificulta o acesso de jornalistas a regiões do país, é difícil obter confirmação independente das informações.

De acordo com integrantes da oposição, os sinais de que um massacre aconteceria no local começaram a surgir por volta das 6h (horário local) de quinta-feira, quando um comboio de mais de uma dúzia de veículos cercou Tremseh.

Nos carros e tanques, afirmam ativistas e testemunhas, havia soldados uniformizados e integrantes da Shabiha, que diziam procurar integrantes do grupo rebelde Exército Livre da Síria (FSA, na sigla em inglês).

Os relatos dão conta de uma cidade cercada por todos os lados, sem rota de fuga para moradores em pânico.

Abu Mohammed, morador do vilarejo próximo a Kfar Hod, disse ao jornal The New York Times que soldados e tanques do Exército posicionados ao leste do vilarejo disparavam com artilharia pesada e metralhadoras.

Pelo flanco oeste, segundo ele, o vilarejo era atacado por milicianos da Shabiha (milícia armada que apoia Assad) que "disparavam contra qualquer um ou qualquer carro que tentasse sair da cidade".

Outro testemunho afirma que a eletricidade e as linhas de telefone de Tremseh foram cortados pela manhã, fazendo com que moradores saíssem às ruas "em pânico, incapazes de fugir por causa do bloqueio".

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