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Seguidores de Kadafi vão às ruas de Trípoli celebrar "vitórias"

6 mar 2011 - 05h30
(atualizado às 06h45)
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Numerosos seguidores do ditador líbio, Muammar Kadafi, saíram neste domingo às ruas de Trípoli para celebrar o que consideram "vitórias" militares do regime, depois de a televisão estatal líbia anunciar que os rebeldes tinham sido derrotados em Zawiyah, Ras Lanuf, Misrata e Tobruk.

Segundo imagens divulgadas pela emissora Al Jazeera, os partidários do regime cantavam e empunhavam bandeiras verdes em sinal de apoio a Kadafi, enquanto se ouviam disparos de fuzis automáticos e de artilharia.

A televisão estatal líbia tinha anunciado de madrugada que os rebeldes haviam perdido o controle dessas estratégicas localidades, próximas a Benghazi, capital provisória das forças revolucionárias.

No entanto, um opositor que concedia entrevista telefônica à Al Jazeera em Misrata desmentiu que essa cidade estivesse em poder das brigadas leais a Kadafi e duvidou que as outras tivessem voltado ao domínio do ditador.

Os rebeldes, que nos três últimos dias se aproximaram de Sirte, cidade natal de Kadafi, afirmam manter o controle do enclave petrolífero e portuário de Ras Lanuf, tomado na sexta-feira passada, informaram jornalistas independentes de meios de comunicação diversos.

Onde a resistência rebelde era desesperada no sábado era em Zawiyah, a 92 quilômetros de Trípoli, com os rebeldes sitiados há três dias na única frente em que as tropas pró-Kadafi e seus mercenários entraram em intensos confrontos.

A saída em massa de simpatizantes de Kadafi às ruas é uma estratégia habitualmente utilizada pelo governo, e neste domingo, a "Al Jazeera" divulgou imagens de moradores de Trípoli que diziam que a situação na capital é de total normalidade.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

info infográfico kadafi líbia
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Foto: AFP
EFE   
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