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Mundo

Santiago de Cuba, berço da revolução, voltará a receber o papa

28 fev 2012 - 06h00
(atualizado às 07h06)
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Santiago de Cuba, a cidade heroica e berço da revolução liderada por Fidel Castro, se concentra nestes dias nos preparativos para receber Bento XVI em março, o segundo papa que a visitará em menos de 15 anos.

Ainda não há cartazes nas ruas anunciando a chegada do papa no dia 26 de março, mas os moradores da cidade já contemplam as obras que estão sendo feitas em avenidas, prédios e na Praça Antonio Maceo, onde nesse mesmo dia o papa fará sua primeira missa ao ar livre na ilha.

"Fico feliz pela vinda do papa, pelo futuro, fé, respeito e unidade dos cubanos", disse à Agência Efe Cruz María Merino, uma professora de 53 anos.

Mayelín, de 36 anos, acredita que Bento XVI influenciará nos laços de amizade entre Cuba e o mundo, ajudará a divulgar a verdade social e religiosa do país, e que intercederá até mesmo no caso dos agentes cubanos condenados nos Estados Unidos por espionagem.

Localizada entre o mar e as montanhas da Serra Maestra, Santiago fica cerca de 950 quilômetros ao leste de Havana, é a segunda cidade mais importante da ilha com 500 mil habitantes e foi capital até 1556.

Santiago é a cidade mais caribenha do país, com tradição de carnavais, músicos e poetas de rua, temperaturas altas e uma fama gravada em muros e cartazes espalhados por todos os lados: "Santiago de Cuba, rebelde ontem, hospitaleira hoje e heroica sempre".

A guerra, a política e a cultura foram atributos constantes de Santiago desde os tempos da colônia. Dela saíram dezenas de generais independentistas, ali nasceram carismáticos músicos como Miguel Matamoros, Sindo Garay e Compay Segundo, e foi onde começou a revolução cubana com o fracassado ataque ao quartel Moncada em 1953.

Em 1998, João Paulo II celebrou na Praça Antonio Maceo a terceira missa de sua histórica visita a Cuba com um sermão dedicado ao patriotismo que foi presidida pelo então ministro das Forças Armadas e atual presidente, Raúl Castro.

"Eu sou ''fidelista'', mas devemos dar uma oportunidade a Raúl porque ele está fazendo coisas interessantes e essa visita do papa também trará mudanças favoráveis e importantes" disse à Efe Sergio, um artista de rua e eletricista de 52 anos.

O general Raúl Castro, de 80 anos, é visto como o autor do inédito diálogo que abriram em 2010 o Governo e a Igreja Católica, cuja mediação facilitou o processo de libertação de mais de cem presos políticos.

As imagens de um Raúl Castro sorridente estão espalhadas pelos muros da cidade. Em algumas aparece com seu irmão e antecessor, o ex-presidente Fidel Castro, junto a mensagens que pedem a "unidade" e o "esforço de todos".

Em 2008, Raúl Castro liderou pela primeira vez como governante o ato pelo Dia da Rebeldia Nacional em Santiago, uma das datas mais significativas da revolução, e em 2011 assistiu ao desfile de 1º de Maio, rompendo com a tradição da presença presidencial em Havana.

O Governo de Raúl Castro promoveu a chamada "obra do século" em Santiago, um investimento de mais de US$ 160 milhões para reativar o aqueduto da cidade e amenizar o grave problema de fornecimento de água que a assola há décadas.

Já as reformas econômicas do general Castro beneficiaram Santiago assim como o restante do país, com um aumento dos trabalhadores do setor privado (atualmente cerca de 25 mil) e o surgimento de dezenas de negócios como aluguel de quartos, restaurantes e lojas de venda de artesanato.

A cidade, que se prepara para comemorar seus 500 anos em 2015, poderá receber em março entre 100 mil e 150 mil pessoas por causa da visita do papa, informou à Efe uma fonte do Arcebispado de Santiago de Cuba.

Os fiéis das províncias do leste, de Ciego de Ávila a Guantánamo, devem participar da missa do dia 26, e os da região ocidental da cerimônia que acontecerá em Havana no dia 28.

Porém, os moradores da cidade lembram que em seu território, na localidade de Cobre, fica o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Caridade, que o papa também visitará e onde a devoção poderá ultrapassar todas as estimativas previstas.

EFE   
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