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Saiba mais sobre a funcionalidade do Sony Dash

7 mai 2010 - 15h06
(atualizado às 15h09)
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Como a grande salva publicitária deixa bastante claro, o novo Sony Dash chegou. De que se trata, afinal? Isso depende de você querer saber o que ele faz ou o que ele representa.

O aparelho está a venda por US$ 200
O aparelho está a venda por US$ 200
Foto: Divulgação

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Primeiro vamos falar sobre o que ele faz. O Dash, à venda por US$ 200, é uma versão mais esguia, maior e mais adulta do Chumby. Para quem não se lembra, vamos recuar um pouco ao passado. O Chumby é um aparelhozinho bonitinho que se parece com uma almofada dotada de tela de 3,5 polegadas, que você coloca sobre sua mesa de cabeceira, de trabalho ou no balcão da cozinha.

Lá, usando uma conexão de rede sem fio, ele passa o dia todo exibindo uma parada de aplicativos de internet, entre os quais as principais manchetes, preços de ações, informações meteorológicas, fotos, atualizações de Twiter e Facebook, listas de dez mais, placares esportivos e piadas.

Pode-se escolher entre mais de mil desses aplicativos disponíveis gratuitamente. O resultado: uma atraente e divertida mistura entre despertador, moldura eletrônica para fotos, rádio de internet e tela de acesso à web. (Um segundo modelo do Chumby está disponível agora por US$ 120, com um rádio FM embutido e bateria opcional - mas dispensando a almofada).

O Sony Dash é como uma atualização maior e de aparência bem mais esguia para esse bizarro aparelho. É isso que ele faz. O que ele representa, no entanto, é uma questão cuja resposta tenderá a causar espanto. Aparentemente, o Dash servirá como pedra fundamental para os novos designs da Sony. O Dash, de fato, é tão importante que os jornalistas que estavam escalados para cobrir o lançamento não foram autorizados a vê-lo sem antes passar por uma entrevista coletiva com os dirigentes da companhia.

"A Sony perdeu diversas transições - do Walkman para o iPod, e assim por diante", reconheceu um dos executivos. "Recentemente temos encontrado dificuldades para manter a rapidez e inovar, em uma companhia do porte da nossa".

O Dash supostamente deve representar o primeiro passo em um novo Sony Way. Foi projetado na Califórnia, e não no Japão. Não teve de passar por anos de reuniões executivas e comitês de avaliação. Em lugar disso, o projeto foi acelerado por uma ágil equipe independente formada por "executivos muito jovens, na forma de um projeto experimental", informa a companhia. E mais produtos desse tipo estão a caminho.

O Chumby parece ser um peculiar porta-estandarte para essa nova maneira de fazer as coisas mas, bem, cabe à Sony decidir o que funciona para a companhia. A questão verdadeira é: de que maneira o Dash realizará sua tarefa?

Para começar, ele é muito bonito. Trata-se de um aparelho em forma de cunha, preto e brilhante, dotado de uma tela de toque de sete polegadas, muito maior do que a do Chumby. Se o usuário deitar o Dash, a imagem gira para se enquadrar à nova orientação da tela. O grande botão de borracha no topo, que permite acesso ao menu, funciona também como botão de "soneca" quando o aparelho estiver sendo usado como despertador.

A Sony, seria bom mencionar, costuma fazer careta quando o Dash é descrito como uma versão repaginada do Chumby, ainda que as duas empresas tenham trabalhado juntas no projeto. A Sony prefere entender o Dash como uma versão brilhantemente reinventada de seu despertador Dream Machine, um dos maiores sucessos da companhia. Um dos executivos apontou para o fato de que "você pode acordar assistindo um vídeo!". Bem, desde que você durma de olhos abertos.

O Chumby requer que você selecione os aplicativos que prefere em seu computador, em um site, mas é possível realizar a mesma função diretamente na tela do Dash, o que é excelente. Vasculhando entre categorias de aplicativos como Animais, Relógios, Encontros, Emprego, Finanças, Horóscopo, Compras, Esportes, Webcams, o usuário encontra uma descrição e pode averiguar a avaliação dos consumidores; e em seguida basta premir o botão de adicionar para que o aparelho realize um download instantâneo.

A Sony também acrescentou alguns grandes aplicativos novos de áudio e vídeo. Se você é sócio da locadora online de filmes Netflix, pode assistir a todos os seus filmes disponíveis instantaneamente com o Dash. A tela não é exatamente a de um televisor de plasma montado sobre a lareira. Mas a imagem é ótima e assistir a um episódio de "30 Rock" no café da manhã é uma boa opção. Música da Pandora e da Slacker, vídeos pelo serviço de download da Amazon e no YouTube também estão disponíveis, bem como outros sites.

O Dash também oferece um par de aplicativos exclusivos entre os quais uma "dica do dia" de Martha Stewart ou do Dr. Oz ("proteja-se contra o sol! Use filtro solar", recomenda uma das dicas). O seu instinto pode estar perguntando: "Mas para que preciso desse treco? Já não tenho um televisor, celular e computador?"

No entanto, como aponta a Sony, muita gente dizia a mesma coisa sobre o Apple iPad (que vendeu um milhão de unidades em seu primeiro mês). E se o Dash tivesse uso tão rápido e satisfatório quanto o produto da Apple, poderia levar o consumidor a mudar de ideia quanto a ter uma quarta tela em casa.

Infelizmente, o Dash não é rápido nem satisfatório. Na verdade "infelizmente" não é o termo mais preciso. Se considerarmos em que medida o futuro da Sony repousa sobre os ombros fracotes do Dash, "tragicamente" poderia ser a melhor escolha.

Aparentemente os fabricantes de eletrônicos ainda não perceberam que chip lento + tela de toque de baixa qualidade = perda de interesse da parte dos consumidores. Você sabe como funciona: ao tocar a tela, não há resposta imediata e nem indicador de que a tarefa está sendo executada, e por isso o usuário não sabe se a coisa o "escutou". Não é a melhor receita para se deliciar com um novo aparelho.

Problemas de software também afligem o Dash de outras formas. A tela do aparelho ainda me encaminhava rudemente ao site do produto para me registrar, mesmo uma hora depois que eu o havia feito. Ao tentar o Pandora, o Dash leva o usuário a um endereço de web que não existe. Em muitos casos, o usuário encontra situações nas quais a Sony parece ter esquecido de que o Dash tem uma tela de toque. O módulo de despertador é em geral excelente - pode-se criar um padrão de alarmes às 7h30min na segunda e quarta-feira e 7h45min nos demais dias de semana. Mas o ajuste desses horários é por meio de botões que alteram a hora um dígito por vez, da mesma maneira que os despertadores convencionais fazem desde o Pleistoceno.

Poxa, Sony, qual seria a dificuldade de permitir que o usuário digite 7, 3 e 0 em um teclado numérico virtual?Quando chega a hora de inserir texto (para usar o Twitter, por exemplo), surge um teclado virtual na tela. Incrivelmente, porém, não se pode posicionar o cursor de modo a corrigir um erro de digitação ou alterar alguma coisa. É preciso usar a tecla de recuo e apagar tudo que você tenha escrito depois do ponto a alterar.

Ao usar a barra de rolagem para ler uma lista, cada tela só comporta três itens, ainda que haja espaço mais que suficiente para número bem maior. É como olhar a lista pelo buraco da fechadura. Quando há uma lista de podcasts, como você imagina que escolhe um deles para ser executado? Basta tocar no nome? Não, seria simples demais. É preciso tocar o nome desejado e depois o botão virtual de "Play".

O Dash poderia ser excelente como moldura eletrônica para fotos, se não fosse tão medíocre nessa função. É possível ver suas fotos no Flickr, por exemplo, mas não usando a tela toda - elas surgem em uma pequena janela, cercadas por imagens supérfluas. O aparelho pode executar fotos de tela inteira do site PhotoBucket.com - mas sem ajuste de velocidade do slideshow, que é rápido demais.

É um problema universal, na verdade. O processador do Dash opera com mais velocidade que o do Chumby, e por isso alguns aplicativos originais do Chumby rodam rápido demais. Os quadrinhos da tira diária do Dilbert ou o aplicativo Chuck Norris Facts giram tão rápido na tela que não há tempo para lê-los.

Por fim, o Dash é complicado. No site, os aplicativos do Chumby ficam em uma área e os especiais da Sony em outra. Os aplicativos precisam ser organizados em canais, e os canais anotados em listas de execução ¿ou talvez seja o contrário -, e em seguida é preciso escolher um tema... Em resumo, é confuso.

A Sony está ciente dos problemas do Dash. "A experiência, para ser completamente franco com você, é positiva", diz um dos gerentes de produto, "mas precisa ser muito melhor. A empresa tem um compromisso permanente de fazer com que isso aconteça". Ele jurou que correções de software surgirão rapidamente e com muita frequência. Se estiver certo, o Dash talvez venha a se tornar ótimo um dia.

Mas será que ele serve mesmo como o novo Sony Way? Lançar alguma coisa que a empresa sabe não estar pronta para o mercado e consertá-la mais tarde - depois das resenhas negativas, da reação adversa dos consumidores e do golpe talvez fatal que isso representa para a imagem de um produto?Não parece uma boa ideia.

De qualquer forma, o Dash é um conceito promissor com realização decepcionante. A Sony deve ter escolhido o nome para conotar velocidade e flexibilidade, mas por enquanto "dash" deve ser entendido no sentido de "expectativas obliteradas" dashed.

Tradução: Paulo Migliacci

The New York Times
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