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Crise na Grécia se agrava após pedido de referendo

8 dez 2011 - 16h21
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O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, enfrentava pedidos por sua renúncia dentro do próprio partido nesta terça-feira, depois de convocar um referendo sobre o acordo de ajuda externa fechado na semana passada.

Um proeminente parlamentar do Partido Socialista de Papandreou deixou o cargo, enquanto outros dois disseram que a Grécia precisa de um governo de união nacional seguido de eleições antecipadas, algo também exigido pela oposição. Os líderes de Alemanha e França lutavam para limitar os danos da crise para a zona do euro. Outros políticos europeus expressaram incredulidade com o anúncio que surpreendeu a todos, inclusive o próprio ministro das Finanças de Papandreou.

Executivos gregos expressavam desespero sobre como o país está sendo administrado e os mercados especulavam se a Itália será o próximo país a entrar na crise de dívida. Jean-Claude Juncker, que preside as reuniões de ministros das Finanças da zona do euro, não quis descartar a possibilidade de um calote grego. "O primeiro-ministro grego tomou essa decisão sem discuti-la com seus colegas europeus", disse ele em Luxemburgo. Perguntado se um "não" no referendo significaria bancarrota para a Grécia, Juncker respondeu: "Eu não posso descartar que este seria o caso, mas depende de como exatamente a questão é formulada e do que o povo grego votará sobre sobre o referendo".

Renúncias

Papandreou disse que precisava de mais apoio político para os cortes orçamentários e as reformas estruturais exigidas pelos credores internacionais. Mas seus problemas aumentaram drasticamente. Uma reunião de governo deve ser realizada nesta terça-feira. A parlamentar Milena Apostolaki deixou o cargo, reduzindo a maioria de Papandreou para apenas 152 assentos de 300 antes de um voto de confiança.

Repercussão

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, conversará com a chanceler alemã, Angela Merkel, nesta terça-feira. Enquanto isso, o humor azedava na Grécia sobre a ideia de referendo. "Eles devem estar loucos. Isso não é jeito de se administrar um país", disse o executivo sênior de uma das maiores empresas da Grécia, que não quis ser identificado.

Pela zona do euro, políticos reclamavam, dizendo que Atenas está tentando estragar o pacote de resgate. Eles se preocupam menos sobre o destino da Grécia e mais sobre as possíveis consequências para a união monetária após o referendo. Um parlamentar alemão sugeriu que a zona do euro pode

deixar Atenas à deriva, cortando sua ajuda financeira e permitindo que a nação dê calote em suas dívidas enormes. "Para mim, isso faz parecer que alguém está tentando escapar do que foi combinado, uma coisa estranha a se fazer", disse Rainer Bruederle, líder na coalizão de Merkel.

Entenda

No auge da crise de crédito, que se agravou em 2008, a saúde financeira dos bancos no mundo inteiro foi colocada à prova. Os problemas em operações de financiamento imobiliário nos Estados Unidos geraram bilhões em perdas e o sistema bancário não encontrou mais onde emprestar dinheiro. Para diminuir os efeitos da recessão, os países aumentaram os gastos públicos, ampliando as dívidas além dos tetos nacionais. Mas o estímulo não foi suficiente para elevar os Produtos Internos Brutos (PIB) a ponto de garantir o pagamento das contas.

A primeira a entrar em colapso foi a Grécia, cuja dívida pública alcançou 340,227 bilhões de euros em 2010, o que corresponde a 148,6% do PIB. Com a luz amarela acesa, as economias de outros países da região foram inspecionadas mais rigorosamente. Portugal e Irlanda chamaram atenção por conta da fragilidade econômica. No entanto, o fraco crescimento econômico e o aumento da dívida pública na região já atingem grandes economias, como Itália (120% do PIB) e Espanha.

Um fundo de ajuda foi criado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Central Europeu (BCE), com influência da Alemanha, país da região com maior solidez econômica. Contudo, para ter acesso aos pacotes de resgates, as nações precisam se adaptar a rígidas condições impostas pelo FMI. A Grécia foi a primeira a aceitar e viu manifestações contra os cortes de empregos públicos, programas sociais e aumentos de impostos.

Os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público - de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões) - no último dia 16 de maio. Na ocasião, o Tesouro usou ajustes de contabilidade, assim como receitas fiscais mais altas que o previsto, para seguir operando normalmente. O governo, então, passou por um longo período de negociações para elevar o teto. O acordo veio só perto do final do prazo (2 de agosto) para evitar uma moratória e prevê um corte de gastos na ordem de US$ 2,4 trilhões (R$ 3,7 trilhões). Mesmo assim, a agência Standard & Poor's retirou a nota máxima (AAA) da dívida americana.

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