Porto Alegre: após morte de traficante, ônibus é incendiado
Moradores da zona Sul da cidade estão sem transporte e atendimento médico por falta de segurança
Porto Alegre viveu mais uma noite de terror motivada pela insegurança no Estado. Após um tiroteio deixar um traficante morto e ferir pelo menos outras seis pessoas ainda na tarde da sexta-feira (25), os moradores do bairro Cruzeiro, em Porto Alegre, enfrentaram momentos de tensão quando um ônibus foi incendiado por volta das 20h30.
Conforme o relato de testemunhas, três homens encapuzados invadiram um coletivo da linha Santa Tereza e atearam fogo no veículo. Pelo menos três passageiros precisaram ser encaminhados para atendimento médico com queimaduras e por inalação de fumaça tóxica. A ação foi deflagrada em retaliação à morte de Ademir Rodrigues Carpes, 34 anos, o traficante Biquinho.
Segundo a polícia civil, cinco pessoas em um carro chegaram disparando contra o reduto do tráfico comandado pelo criminoso ainda no começo da tarde de sexta-feira. A investigação acredita que o tiroteio tenha sido decorrente de uma guerra interna entre facções rivais pelo controle da área de tráfico existente na região. Os feridos foram encaminhados ao Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul, o Postão, e de lá foram levados ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS) devido à gravidade dos ferimentos, mas Ademir já chegou sem vida ao local.
A morte gerou revolta por parte de familiares da vítima, que agrediram funcionários do Postão. Os servidores, contudo, continuaram atendendo até o momento da queima do ônibus - mesmo sem reforço na segurança. Desde a noite, no entanto, o local está fechado e deverá permanecer sem atender até a segunda-feira (28). As cinco linhas de ônibus que atendem a região também estão fora de operação em virtude dos acontecimentos da última noite. Os moradores relatam que a situação é recorrente: "nós somos reféns do tráfico, não tem o que fazer", disse um empresário que preferiu não se identificar.
A polícia militar garante que a madrugada foi tranquila no bairro, sem ocorrências registradas. Moradores, ao contrário, garantem que disparos foram ouvidos durante toda a noite. O prefeito de Porto Alegre, José Fortunatti, afirmou mais uma vez que a presença da Guarda Nacional é necessária na cidade: "precisamos que o Estado acione (a Guarda). A situação está insustentável". Já a Secretaria Estadual de Segurança não comentou o caso.