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Mundo

Polícia prende dezenas de manifestantes na Argélia

12 fev 2011 - 10h11
(atualizado às 13h47)
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Dezenas de pessoas foram detidas neste sábado quando participavam da manifestação convocada em Argel contra o regime político do presidente Abdelaziz Bouteflika, informaram fontes da mobilização civil. Mais de 20 mil integrantes da polícia de choque foram deslocados para a capital da Argélia para impedir qualquer tentativa de iniciar uma revolta como a ocorrida no Egito.

Manifestantes argelinos gritam slogans antigoverno durante proteasto na capital Argel
Manifestantes argelinos gritam slogans antigoverno durante proteasto na capital Argel
Foto: Reuters

Opositores ao governo argelino convocaram um grande protesto para pedir mudanças democráticas e emprego, mas a maioria da população seguia sem se mobilizar. Entre os detidos estão vários dirigentes da Coordenação Nacional pela Democracia e Mudança, grupo que convocou a manifestação, bem como ativistas dos direitos humanos, sindicalistas e jornalistas, acrescentaram as fontes. "Lamento dizer que o governo alocou uma enorme força para impedir uma manifestação pacífica. Isso não é bom para a imagem da Argélia", disse Mustafa Bouchachi, líder da Liga de Direitos Humanos que colabora na organização do protesto.

O porta-voz da legenda opositora Reunião pela Cultura e Democracia (RCD), Mohsen Belabes, disse que o número de detidos poderia chegar a mil, mas militantes da Liga Argelina dos Direitos Humanos cifraram a quantidade em mais de 200.

Relatos dão conta que centenas de pessoas já chegaram ao centro da capital, gritando palavras de ordem contra o presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, exigindo melhores condições de vida e maior liberdade. Partidários de Bouteflika também estão se organizando e se reunindo nas ruas de Argel. Cerca de 3 mil manifestantes permanecem aglomerados nas imediações da praça Primeiro de Maio.

A polícia já posicionou veículos blindados e canhões d'água no centro da cidade, além de bloquear ruas e estradas de acesso para evitar a chegada de ônibus com mais manifestantes. O presidente da Liga de Direitos Humanos, Mustapha Bouchachi, discursou aos manifestantes, pedindo-os que abandonem a manifestação para evitar confrontos, mas a maioria persiste em sua tentativa de protestar de forma pacífica para pedir mudanças no regime.

"Estamos fartos deste poder", gritavam os manifestantes, muitos deles jovens, de diversas classes sociais. Eles empunhavam cartazes com lemas como "abaixo o sistema" e "queremos um país administrado pelos jovens, e não pelos velhos". São vários os policiais uniformizados e à paisana que se misturam ao grupo de manifestantes.

Na noite dessa sexta-feira, a polícia interveio quando uma multidão tomou as ruas para comemorar a saída do presidente egípcio, Hosni Mubarak. Os recentes protestos no Cairo e na Tunísia são tidos como os eventos que inspiraram a mobilização dos argelinos contra o governo.

Argélia, o próximo Egito?

A renúncia do presidente egípcio Hosni Mubarak e a queda do líder da Tunísia no mês passado sacudiram o mundo árabe e levaram a muitos a se perguntar qual país poderia ser o próximo na região, onde a mistura de governos autoritários e ira popular é explosiva. Uma revolta generalizada na Argélia poderia ter consequências na economia mundial, porque o país é um importante exportador de gás e petróleo.

Argel já teve confrontos entre manifestantes e policiais em janeiro deste ano, em meio a protestos contra o desemprego, os preços dos alimentos e as más condições de moradia. Os protestos populares são proibidos na Argélia devido a um estado de emergência que dura desde a guerra civil de 1992.

No início de fevereiro, o presidente afirmou que esta situação seria suspensa "em um futuro muito próximo". Bouteflika fez a declaração em uma reunião com ministros, segundo a mídia estatal. Ele afirmou que os protestos seriam tolerados em qualquer parte do país, menos na capital.

Bouteflika, 73 anos, está na Presidência desde 1999 e é acusado por muitos de se manter no poder por meio de um regime repressivo. Nos anos 1990, a política na Argélia foi dominada por uma luta entre os militares e grupos muçulmanos. Em 1992, uma eleição geral vencida por um partido islâmico foi anulada, levando a uma sangrenta guerra civil que deixou mais de 150 mil mortos.

Com informações de agências internacionais.

Fonte: Terra
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