Perdas pelo acidente de Chernobyl somam US$ 180 bilhões
26 abr2011 - 07h27
(atualizado às 08h41)
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O primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azarov, estimou nesta terça-feira em US$ 180 bilhões as perdas causadas pela catástrofe na usina nuclear de Chernobyl, que completa nesta terça 25 anos. "O percentual de despesas destinado a esse fim (superar o acidente) chegou a representar 10% do orçamento anual da Ucrânia", assinalou Azarov em mensagem divulgada pelas agências ucranianas.
Azarov detalhou que por causa da explosão de 26 de abril de 1986 em Chernobyl "145 mil quilômetros quadrados dos territórios da Ucrânia, Belarus e Rússia foram contaminados". "Cerca de 2,2 milhões de pessoas na Ucrânia receberam o status de vítimas de Chernobyl", disse.
O documento situa em 91 mil o número de pessoas que saíram de suas casas no dia seguinte à catástrofe das cidades de Pripyat, a 4 quilômetros da planta. Apesar disso, Azarov reiterou que a Ucrânia é capaz de assumir as despesas da planta, enclausurada no ano 2000, mas que ainda abriga toneladas de combustível nuclear.
O primeiro-ministro ucraniano agradeceu à comunidade internacional pelos 550 milhões de euros arrecadados na semana passada para construir o novo sarcófago sobre o quarto reator da central e completar outros programas de desativação. "Em prol da vida na Terra e com esforços conjuntos é necessário superar as terríveis consequências e preocupar-se para que algo assim não volte a repetir-se", declarou.
Em declarações à Agência Efe, Azarov garantiu na véspera que "renunciar às tecnologias nucleares é como proibir os computadores". Pesquisa divulgada na semana passada revela que quase 70% dos ucranianos são contrários à construção de novas usinas nucleares e 39,4% consideram que as atuais plantas são perigosas.
Os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev, e Ucrânia, Viktor Yanukovych, homenagearão nesta terça-feira as vítimas da tragédia na mesma central de Chernobyl, situada a menos de 100 quilômetros da capital ucraniana, Kiev. Chernobyl espalhou há quase um quarto de século 200 toneladas de material físsel com radioatividade equivalente a 500 bombas atômicas como a de Hiroshima.
A radiação afetou a mais 5 milhões de pessoas, principalmente na Rússia, Ucrânia e Belarus, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Desenho de criança, com aparência de alguém sob efeitos da quimioterapia, pode ser visto em parede próximo à usina de Chernobyl, em Prypiat, Ucrânia, onde há 25 anos ocorreu o pior acidente nuclear da história. Uma explosão liberou radiação 400 vezes maior do que a bomba atômica de Hiroshima. O desastre deixou milhares de doentes e contamina até hoje plantações e florestas
Foto: Reuters
Sarcófago que cobre o reator danificado da usina nuclear de Chernobyl figura na paisagem de Prypiat, cidade ucraniana que, com atraso, foi evacuada após o desastre
Foto: Reuters
Ucraniana Ganna Zavorotnya, 78 anos, faz colheita em propriedade rural, enquanto técnico do Greenpeace mede níveis de radiação, na aldeia de Kupovate, localizada a 30 Km da usina de Chernobyl
Foto: Reuters
Agricultora Ganna Zavorotnya, 78 anos, sorri em frente de casa na aldeia de Kupovate, localizada no perigoso raio de 30 km ao redor da usina nuclear de Chernobyl
Foto: Reuters
Placa com símbolo que alerta sobre risco de radioatividade está fixada em frente ao sarcófogo que cobre as instalações da usina de Chernobyl
Foto: Reuters
Camponesa caminha por estrada de Kupovate, na região, que, tardiamente, foi esvaziada após o acidente ocorrido há 25 anos
Foto: Reuters
Destroços e camas velhas expõem abandono de sala, onde, antes do acidente de Chernobyl, ocorriam aulas e atividades de jardim de infância, na cidade de Prypiat
Foto: Reuters
Brinquedos são vistos espalhados no chão de uma antiga creche na cidade abandonada de Prypiat, onde há 25 anos, foi lançada na atmosfera uma nuvem radioativa, que atingiu grande parte da Europa
Foto: Reuters
Máscaras de gás e bonecas de criança ainda são encontradas dentro de uma creche abandonada de Prypiat, onde autoridades e ambientalistas seguem apontando riscos de vazamento radioativo
Foto: Reuters
Em varanda de prédio abandonado, é possível observar o sarcófago sobre a usina de Chernobyl, que, após 25 anos do vazamento, ainda necessita de reforço na estrutura para conter a radioatividade
Foto: Reuters
A exemplo de outros moradores, ucraniano Ivan Ilchenko, 76 anos, ignora advertências oficiais sobre riscos de contaminação radioativa e vai trabalhar na aldeia do Kupovate, localizada em área evacuada, a menos de 30 Km de Chernobyl
Foto: Reuters
Ilchenko faz capina em área rural, que, de acordo com ambientalistas, permanece insegura e onde os produtos cultivados representam uma ameaça direta à saúde humana
Foto: Reuters
Máscara de gás e sapato estão expostos sobre mesa de creche na cidade abandonada de Prypiat, localizada na região onde, até hoje, crianças nascem com problemas de saúde devido à tragédia
Foto: Reuters
Na cidade ucraniana de Chernobyl, homem visita monumento recém-inaugurado, em homenagem as vilas e cidades que foram evacuadas e "morreram" devido à catástrofe nuclear
Foto: AFP
As moradoras da aldeia abandonada de Savichi, na Biolorrússia, Natalia Makeenko, 72 anos, e Galina Shcyuka, 82, se abraçam ao lembrarem da tragédia, na qual a radioatividade atingiu 70% do país, em 1986
Foto: AFP
Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, ao lado do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, visitou, na semana passada, a usina de Chernobyl, e lembrou a necessidade de investimentos para reforçar sarcófago
Foto: AFP
Agricultora Ganna Zavorotnya, 78 anos, carrega foice para trabalhar em horta na cidade de Kupovate e ignora alerta de risco de contaminação radiativa na comunidade localizada dentro do raio de 30 Km
Foto: AFP
Reator 4 da usina nuclear de Chernobyl, onde o vazamento teve início, segue presente na paisagem da cidade-fantasma de Pripyat, na Ucrânia
Foto: AFP
Bonecas de crianças e máscaras de gás compõem cenário de salas abandonadas na cidade de Pripyat