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ONU dá sinal verde ao uso da força contra regime de Kadafi

17 mar 2011 - 22h53
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O Conselho de Segurança da ONU deu nesta quinta-feira sinal verde ao uso da força para proteger a população civil líbia dos ataques das forças de Muammar Kadafi e deter sua ofensiva contra os rebeldes.

A abstenção de Rússia e China, os dois membros permanentes que poderiam ter vetado a medida, permitiu a aprovação da resolução auspiciada por França, Reino Unido e EUA, entre outros, e permite a imposição de uma zona de exclusão aérea.

Brasil, Índia e Alemanha também decidiram pela abstenção, enquanto os outros 15 integrantes do principal órgão de segurança deram sinal verde.

"Hoje o Conselho de Segurança respondeu ao grito de ajuda do povo líbio", avaliou a embaixadora dos EUA perante a ONU, Susan Rice, depois da votação.

A resolução adotada autoriza os Estados-membros e as organizações regionais, como a Otan, a tomarem "todas as medidas necessárias" - o que incluiria ataques aéreos - para "proteger os civis e as áreas povoadas por civis e que estão sob ataque na Líbia, incluindo Benghazi", o bastião dos rebeldes na mira das tropas de Kadafi.

Também estabelece uma zona de exclusão aérea sobre território líbio, mas exclui a presença de "força de ocupação estrangeira" no país norte-africano.

O ministro de Exteriores da França, Alain Juppé, que participou da votação, assinalou que a comunidade internacional deve atuar para evitar que o regime líbio reprima "a vontade de seu povo".

"Não podemos abandonar a população civil e as vítimas da repressão brutal, não podemos permitir que se derrube a legalidade e a moralidade internacional", afirmou o chefe da diplomacia, que assegurou que a França está disposta a atuar com rapidez "junto a nossos parceiros e aos países árabes" para implementar a resolução.

O representante libanês, Nawaf Salam, o único país árabe no Conselho, considerou que as autoridades líbias "perderam toda sua legitimidade" e ressaltou que a resolução exclui a possibilidade de uma ocupação militar.

"A resolução leva em conta a causa do povo do Líbia e pretende acabar com os crimes atrozes que as autoridades líbias cometem", apontou o embaixador do Líbano, que junto à França, Reino Unido e EUA impulsionaram o documento.

Em contraste, para a Rússia as medidas aprovadas ultrapassam a solicitação da Liga Árabe de sábado passado de estabelecer uma zona de exclusão aérea e abre as "portas para uma intervenção militar em grande escala".

"É preciso levar em conta as consequências humanitárias do uso de força estrangeira na Líbia. Não só a população líbia pode sofrer, mas toda a região do norte da África e do Oriente Médio", considerou o embaixador de Moscou perante a ONU, Vitaly Churkin.

Na mesma linha, o embaixador alemão perante a ONU, Peter Wittig, disse que se absteve porque "vemos o perigo de estar envolvidos em um conflito militar que poderia afetar uma região mais ampla", apesar de apoiar "completamente" o reforço de sanções econômicas e financeiras contempladas pela resolução.

O Brasil indicou que a resolução vai além do pedido de proteção aérea da Liga Árabe, mas deixou claro que sua abstenção não pode ser lida como um perdão das ações do regime líbio.

O representante da Colômbia, Néstor Osorio, rejeitou alguns destes argumentos ao assinalar que "sem a autorização para que os Estados-membros utilizem todas as medidas necessárias, a criação de uma zona de exclusão aérea seria simplesmente uma ilusão".

"Kadafi já teve tempo suficiente para interromper a violência contra os civis", acrescentou.

O documento também endurece o embargo de armas à Líbia e reforça as sanções impostas no mês passado a Kadafi e seu círculo mais próximo de colaboradores, além de incluir medidas para evitar o uso de mercenários por parte de Trípoli.

O embaixador adjunto da Líbia perante a ONU, Ibrahim Dabashi, assinalou que a ação desta quinta-feira demonstra que o povo líbio "não está só".

"Também é uma mensagem para o coronel Kadafi e para os que o apoiam de que não há lugar para as ditaduras", acrescentou o diplomata, que se rebelou contra Trípoli e representa a oposição.

A resolução do Conselho de Segurança foi recebida com felicidade em Benghazi, onde milhares de pessoas concentradas em uma praça gritaram e lançaram fogos de artifício.

EFE   
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