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OMC busca exorcizar risco protecionista e recebe primeiros sinais de Obama

Os ministros do Comércio presentes ao Fórum de Davos comprometeram-se neste sábado a resgatar a Rodada de Doha de negociações na Organização Mundial do Comércio, OMC, para reativar a economia mundial. Receberam com alívio a decisão do governo americano de

31 jan 2009 - 15h51
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DAVOS, Suíça, 31 Jan 2009 (AFP) - Os ministros do Comércio presentes ao Fórum de Davos comprometeram-se neste sábado a resgatar a Rodada de Doha de negociações na Organização Mundial do Comércio, OMC, para reativar a economia mundial. Receberam com alívio a decisão do governo americano de revisar a cláusula "Compre América", constante do pacote de estímulo em fase de estudos, agora, no Senado dos Estados Unidos, e que ameaçava gerar uma espiral de protecionismo.

"Constatamos progressos significativos realizados em 2008 para finalizar a Rodada de Doha, que fornecem base sólida para uma resolução rápida em 2009 das divergências remanescentes", afirmaram numa declaração os 18 ministros de Comércio presentes- ou seus representantes.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, havia tentado, sem sucesso, obter um acordo no fim de dezembro.

O documento conclama ao mundo, além disso, a "evitar erguer novas barreiras comerciais (...), impondo novas restrições à exportação e aplicando medidas incompatíveis com a Organização Mundial de Comércio (OMC) para estimular suas exportações".

A Rodada de Doha, lançada em 2001, está estancada por discrepâncias entre os países em desenvolvimento, que exigem maior abertura dos mercados agrícolas dos Estados Unidos e Europa que, por sua vez, reclamam maior aceso para seus produtos industriais no restante do mundo.

Preocupações sobre um recrudescimento do protecionismo, como parte da situação de recessão econômica mundial dominaram os quatro dias do Fórum, que reúne anualmente a elite política e financeira do planeta.

"O protecionismo já começou e vai continuar", declarou o ministro egípcio de Comércio, Rachid Mohamed Rachid.

"Os ministros estão preocupados porque submetidos a uma pressão política interna", admitiu o diretor da OMC, Pascal Lamy, em entrevista à imprensa.

Segundo Lamy, o "comércio não deve ser jogado fora junto com o Consenso de Washington" que, nos anos 90, assentou as bases das políticas neoliberais acusadas, atualmente, de serem causadoras da crise financeira.

Muitos participantes da reunião de Davos receberam, por isso, como bom sinal a decisão de Obama de reconsiderar a cláusula "Buy American" "Compre América", que proibiria o uso de aço e de ferro estrangeiro para grandes projetos de infraestrutura.

A decisão de Obama "é um grande passo", disse à AFP o ministro de comércio da Índia, Kamal Nath.

Para o chanceler brasileiro, Celso Amorim, trata-se de um gesto "positivo". "É bom que (o governo americano) faça isso, pois evidentemente seria um mau sinal se não o fizesse", disse Amorim à imprensa.

A comissária europeia de Comércio, Catherine Ashton, congratulou-se com as notícias sobre "a compreensão, por parte do presidente Obama e de sua equipe da importância do comércio".

Os Estados Unidos foram, no entanto, o grande ausente do Fórum de Davos; o governo Obama contentou-se em enviar a assessora de relações intergovernamentais, Valerie Jarrett, que, no discurso de quinta-feira, se absteve de qualquer referência ao comércio mundial.

Na reunião ministerial deste sábado, os Estados Unidos estiveram representados por seu embaixador na OMC, Peter Allgeier.

De acordo com fontes diplomáticas que participaram da reunião, Allgeier tentou acalmar as inquietudes com a virada protecionista do novo governo democrata, dizendo que Obama era um homem respeitador do multilateralismo e que considerava o protecionismo um falso amigo.

Também assegurou que o pacote econômico de estímulo se ateria às cláusulas da OMC.

bur-js/sd

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