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O SMS está perto do fim?

2 fev 2016 - 15h46
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Por anos ele dominou o mercado de mensagens curtas por celular, mas o avanço do WhatsApp e de outros serviços similares parece ter decretado o seu fim. Especialistas alertam, porém, que o SMS ainda tem um público fiel.

Quem precisa do WhatsApp se existe o SMS e outros serviços de mensagens? Essa era a questão quando a rede social foi criada, em 2009. Hoje ninguém mais pergunta isso. Pelo contrário, a pergunta agora é: "Será que alguém ainda precisa do SMS?"

O Serviço de Mensagens Curtas segue sendo utilizado, mas por um número cada vez menor de pessoas. E tudo havia começado tão bem. Desde 1995 podem ser enviados SMS na Alemanha. Em poucos anos, o uso das mensagens, de no máximo 160 caracteres e enviadas pelo sistema de telefonia móvel, explodiu.

O auge foi em 2012, quando mais de 59 bilhões de mensagens foram digitadas em teclados de celulares no país. Desde então, o serviço tem decaído. No ano seguinte foram pouco menos de 38 bilhões de mensagens enviadas e, em 2014, "somente" 22,5 bilhões.

De acordo com levantamento feito pela empresa de consultoria Dialog Consult, o número atual de SMS enviados representa apenas um quarto do de 2012.

Concorrência

"As estimativas para o principal serviço de mensagens instantâneas, o WhatsApp, explicam por que isso acontece", diz Torsten Gerpott, da Universidade de Duisburg-Essen, que também é sócio da Dialog Consult. Pois o número diário de mensagens enviadas pelo WhatsApp vem aumentando significativamente desde 2013.

Além disso, a maior rede social do mundo tem, com o Facebook Messenger, outro concorrente do SMS e pretende transformar esse serviço numa espécie de "canivete suíço" entre os serviços de mensagens curtas, oferecendo uma variedade de funções, desde serviço de pagamento até para pedir táxis. No início deste ano, o serviço ultrapassou a marca de 800 milhões de usuários.

A Apple também está nessa corrida. Sua alternativa, o iMessage, foi lançada em 2011 e funciona em iPhones, iPads e computadores Mac.

Em 2012 foi criado o Threema, na Suíça. O serviço tem como diferencial sua criptografia, um sistema de segurança que dificulta o acesso de terceiros às mensagens. Os serviços que prometem mais segurança, através de criptografias mais eficientes, têm ganhado destaque principalmente após as revelações do ex-analista da NSA Edward Snowden sobre a espionagem realizada por serviços de inteligência na internet.

Na China, onde os serviços online ocidentais são, em grande parte, bloqueados, as alternativas nativas se multiplicam. O serviço online WeChat, do grupo Tencent, anunciou ter chegado aos 650 milhões de usuários, um salto de 39% em um ano.

"Quem hoje envia pelo celular uma mensagem de texto ou uma imagem usa, em muitos casos, os serviços baseados na internet", destaca Bernhard Rohleder, diretor executivo da Bitkom, Federação Alemã das Empresas de Informação, Telecomunicação e Novas Mídias.

Ele acredita que essa tendência será reforçada quando as redes de banda larga móveis se tornarem mais rápidas e mais usuários de smartphones tiverem planos para envio ilimitado de dados. "Mas os serviços de mensagem não vão fazer o SMS desaparecer completamente", acredita Rohleder.

Usuários leais

"Principalmente os usuários de celular mais velhos ainda enviam mensagens de texto SMS", afirma Daniel Berger, editor da revista C't, especializada em TI. "Acho que eles ainda vão continuar fiéis ao SMS por hábito", prevê.

Além disso, muitas empresas ainda utilizam o SMS. Empresas aéreas usam o serviço para enviar cartões de embarque para o check-in no aeroporto, a Deutsche Bahn, principal empresa ferroviária alemã, informa por SMS sobre atrasos de trem, bancos enviam códigos para transações bancárias online e serviços de entrega de pacotes informam os clientes sobre datas de entrega.

Mesmo assim, as empresas de telefonia móvel não lucram mais tanto com SMS. Se em 2012 eram enviados diariamente 163 milhões de SMS na Alemanha, este ano foram menos de 40 milhões. Um SMS custa 9 centavos de euro, mas muitos consumidores pagam uma taxa fixa, que inclui as mensagens SMS, não tendo que pagar adicionalmente por elas. E as mensagens que empresas enviam a seus clientes geralmente estão incluídas num pacote fixo para clientes de grande porte.

Para as operadoras de telefonia móvel, isso significa que os bilhões em receitas gerados pelo SMS são coisa do passado. Em 2009, na Alemanha, a receita com SMS representava 11% do volume total de vendas. Em 2014, ela era de apenas cerca de 5%, de acordo com um estudo realizado pela Dialog Consult.

Novo mercado

Em janeiro, o cofundador do WhatsApp, Jeff Koum, não só declarou que o WhatsApp seria gratuito como também que planeja entrar na comunicação entre empresas e consumidores, área ainda ocupada pelo SMS. "O SMS envolve duas coisas: a comunicação entre as pessoas e entre as empresas e pessoas. Nós fazemos a primeira parte, mas pensamos que a segunda parte também pode ser grande", disse Koum em entrevista à agência de notícias alemã DPA.

Berger, da C't, também potencial nessa área. "Acredito que WhatsApp e Facebook Messenger se tornarão cada vez mais plataformas de serviços, por exemplo para reservar uma mesa em um restaurante", prevê.

Além disso, o WhatsApp pretende melhorar sua segurança na comunicação de dados, o que pode reforçar sua incursão na comunicação entre empresas e clientes. A empresa espera poder conquistar clientes entre as grandes corporações e trabalha no desenvolvimento de ferramentas e serviços com os quais, por exemplo, as companhias aéreas e os bancos poderão entrar em contato com seus clientes de forma eficiente e segura.

Uma vantagem do SMS é que ele funciona em qualquer telefone sem wifi, sem LTE, sem acesso à internet e sem que o destinatário tenha que ter instalado o mesmo serviço em seu celular. Ele necessita apenas de uma linha telefônica móvel.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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