Rússia nega que avião interceptado transportava armas à Síria
A Rússia negou, nesta sexta-feira, que o avião civil interceptado pela Turquia nesta semana estivesse transportando armas à Síria, como denunciou o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.
"Não temos nenhum segredo. No avião, não poderia ter nenhum armamento", afirmou Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, citado pelas agências locais.
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Lavrov, que fez as declarações após uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia, especificou que "no avião havia uma carga que o fornecedor russo enviou de maneira legal ao legítimo solicitante".
"A carga consistia em equipamentos eletrônicos para radares, peças que não são proibidas por nenhuma convenção internacional", disse.
O chefe da diplomacia russa insistiu que os documentos para o envio de carga ao país árabe foram devidamente formalizados.
"O transporte de tal classe de mercadorias em aviões civis é uma prática absolutamente habitual, o que é confirmado pelo fato de que antes que o avião sírio entrasse no espaço aéreo turco, as autoridades do país propuseram que mudasse de rota ou aterrissasse em Ancara", argumentou.
Lavrov ainda disse que "o piloto decidiu aterrizar, já que sabia que não estava cometendo nenhum ato ilegal".
"Segundos nossos dados, o exportador demandará a devolução da mercadoria, que é de sua propriedade", disse.
Com relação a isso, Erdogan havia afirmado, um dia antes, que a Síria estava transportando material com fins militares em um avião de passageiros da companhia Syrian Airlines, procedente da Rússia e que tinha como destino final Damasco.
"O receptor do material é o Ministério da Defesa sírio. Os senhores podem adivinhar qual o tipo de material. O material está sendo enviado por uma instituição russa, uma empresa que exporta armas e munição", disse.
O Airbus da companhia aérea síria foi interceptado na quarta-feira por dois caças turcos F-16 e inspecionado pelas autoridades do país, após a empresa de armas russas Rosoboronexport negar relação com a carga.
Embora os turcos neguem, devido a este incidente, o presidente russo, Vladimir Putin, adiou para 3 de dezembro, sem dar explicações, sua viagem à Turquia que estava prevista para a próxima segunda-feira.
A Rússia não deixou de fornecer armamento não bélico a Damasco durante o conflito que assola o país, mas normalmente faz esse transporte por via marítima.
O cargueiro russo "Alaed", que transportava helicópteros russos para Damasco, teve que retornar ao porto, em junho, quando estava próximo à costa da Escócia para evitar uma inspeção.
Moscou acusa o Ocidente de financiar a oposição armada síria, de afundar a Síria no caos e de planejar uma intervenção armada para derrubar Bashar Al-Assad, da mesma forma que ocorreu na Líbia com o ditador Muammar Kadafi.
