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Caça a Kadafi pode terminar na cidade de Bani Walid

5 set 2011 - 15h07
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Com os canhões já preparados, a eventual entrada das tropas rebeldes na cidade desértica de Bani Walid está sendo preparada com cuidado, levando em consideração dois elementos fundamentais para o sucesso da operação.

O primeiro é o desejo de evitar a todo custo um desnecessário derramamento de sangue; o segundo, não desperdiçar a oportunidade de capturar o ex-homem forte da Líbia, o coronel Muammar Kadafi, e seus filhos, Saif al Islam e Sadi.

Não existe garantia alguma que os três estejam nesta região controlada pelos clãs mais fiéis à família Kadafi, mas os rumores são contínuos.

E embora o Conselho Nacional de Transição (CNT) insista em afirmar que sabe com toda certeza onde Kadafi e seu pequeno séquito se escondem, nem as autoridades civis nem os chefes militares entram em detalhes.

O único testemunho público até o momento é o de Mohamad Bashir Saleh, identificado pelo canal de televisão catariano "Al Jazeera" como um influente morador de Bani Walid.

"Não temos provas que tenha saído da área. E se saísse, seria fácil de ver, já que os rebeldes controlam toda a província. Acreditamos que se movimenta constantemente, com deslocamentos muito curtos e com ajuda das pessoas do lugar", afirmou.

"O tempo é fundamental. Mas deve haver um equilíbrio entre o tempo que dispomos para capturar Kadafi e a vida das pessoas" desta empobrecida cidade do deserto, onde vivem cerca de 50 mil pessoas.

Neste sentido, tanto o comando militar rebelde como a autoridade civil parecem conscientes que a resolução do ataque a Bani Walid e a forma com a qual se conquiste a cidade são cruciais tanto para o fim da guerra como para o processo de transição.

Ambas esperam que uma entrada triunfal, pacífica e sem vinganças, propicie um efeito dominó sobre outras cidades que ainda estão sob poder das forças de Kadafi, como Sirte ou Sebha.

A expectativa é que a eventual captura de Kadafi - ou pelo menos de seu filho Saif al Islam -, represente um golpe quase definitivo para aqueles que ainda lutam em defesa do asfixiado regime.

"A batalha de Bani Walid é talvez uma das mais importantes desta guerra de libertação, junto à tomada de Benghazi e Trípoli", admitiu nesta segunda-feira à Agência Efe um porta-voz militar rebelde na capital.

"Uma vez que Kadafi tenha sido capturado, tudo estará acabado. A Líbia será totalmente livre", acrescentou.

Enquanto políticos e oficiais trabalham nos corredores, no terreno os rebeldes acumulam, dia após dia, mais homens e armas ao redor de Bani Walid, que, segundo os poucos testemunhos que chegam, é praticamente uma cidade fantasma.

Cansados pelos longos dias de espera sob o forte sol do deserto, muitos dos soldados não ocultam sua ansiedade enquanto limpam os fuzis de assalto, carregam as baterias antiaéreas e testam os gatilhos.

Embora haja alguns tiroteios esporádicos, uma calma carregada de tensão e um transbordante otimismo percorrem a frente e impregnam o ânimo dos soldados.

"Entraremos e encontraremos esse rato escondido em um buraco como um animal. Não tem nenhuma escapatória", declarou no domingo à Efe Ibrahim al Buni, membro de uma milícia do oeste do país.

"Após 42 anos, não temos pressa. O importante agora é capturá-lo", considerou Al Buni, um jovem de olhar nervoso e pele morena marcada pelas cicatrizes.

Apesar do otimismo dos soldados, os comandantes não ocultam que a entrada forçada na cidade poderia acarretar um massacre, tanto entre as tropas como entre a população civil.

O número de fiéis ao antigo regime que se amontoaram em suas sujas e poeirentas ruas ainda é desconhecido, mas acredita-se que sejam cerca de centenas de homens fortemente armados protegendo pontos estratégicos, enquanto dezenas de franco-atiradores se espalham pelos telhados.

Também não se sabe com exatidão as condições de vida da população tanto em Bani Walid como em Sirte, mas existe o temor que ambas estejam à beira da catástrofe humanitária, segundo o coordenador da ajuda humanitária da ONU na Líbia, Panos Moumtzis.

"Estamos muito preocupados pela necessidade de proteger os civis nestes áreas. Sabemos que existe o diálogo, e confiamos em uma solução rápida e pacífica", concluiu.

EFE   
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