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Rússia já contabiliza mais de 100 mortos e desaparecidos em naufrágio

11 jul 2011 - 15h04
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Mais de 100 mortos e desaparecidos é o saldo provisório do trágico naufrágio de um navio russo que afundou no domingo durante uma tempestade quando efetuava uma travessia turística pelo rio Volga, no Tatarstão.

"Morreram muitas crianças. O navio era muito velho e ruim", afirmou nesta segunda-feira Nikolai Chernov, um dos sobreviventes, ao site do jornal "Komsomolskaya Pravda".

Segundo o Ministério de Situações de Emergência, na embarcação de nome Bulgaria viajavam 208 pessoas (148 turistas, 35 tripulantes e 25 passageiros não registrados), das quais apenas 80 foram resgatadas com vida.

O restante teria se afogado no Volga, rio mais caudaloso da Europa, onde a costa mais próxima está a cerca de três quilômetros de distância.

Entre os mortos estão pelo menos 30 crianças que, segundo Chernov, estavam concentradas em um dos compartimentos do navio habilitado como sala de música e jogos.

Por enquanto, os mergulhadores recuperaram 55 cadáveres (37 mulheres, 13 homens e cinco crianças). Neste momento, segundo os serviços de emergência tártaros, 106 especialistas mergulham nos compartimentos e camarotes em busca de outros corpos, muitos dos quais foram encontrados no bar-restaurante da embarcação a cerca de 20 metros de profundidade.

"A busca deve ser levada até o final, apesar de quase não haver esperança de encontrar alguém com vida", disse o presidente russo, Dmitri Medvedev, que declarou na terça-feira dia de luto nacional.

Segundo outras testemunhas, citadas pela imprensa digital, muitos passageiros se apavoraram e tentaram subir à coberta principal, mas as portas estavam fechadas e as escotilhas bloqueadas ou soldadas.

O naufrágio do Bulgaria, navio de dois andares fabricado na Tchecoslováquia em 1955, aconteceu no domingo, próximo à localidade de Siukéyev, quando o navio realizava uma travessia entre Bolgar e Kazan, capital tártara.

As autoridades expressaram sua surpresa pelo fato de a embarcação afundar em poucos minutos, o que não deu tempo nem à tripulação nem aos passageiros de reagir e saltar pela borda.

Segundo algumas fontes, o navio suportava uma lotação máxima de 120 pessoas, entre tripulação e passageiros, enquanto outros especulam que o excesso de passageiros ultrapassou a marca de 50 ocupantes.

A Procuradoria Geral russa denunciou que a companhia barqueira proprietária do barco e seus tripulantes cometeram inúmeras infrações. "A embarcação operou durante 56 anos. A última reparação completa foi realizada há 30 anos. E não tinha licença de transporte de passageiros", afirmou Marina Gridneva, porta-voz da Procuradoria.

Já um porta-voz da Procuradoria de Transporte da região do Volga utilizou termos técnicos para explicar as causas da catástrofe. "O navio zarpou com o motor de bombordo inutilizado. O primeiro oficial confirmou isso. Carregou combustível apenas na parte direita, por isso a inclinação do barco a boreste era de quase 4 graus", ressaltou.

A companhia Barqueira Fluvial Kámskoye, proprietária do Bulgaria, refutou essa teoria, informando que essa classe de navios costuma levar depósitos com 30 toneladas de combustível a boreste, por isso que é normal que se inclinem para esse lado.

O diretor-geral da empresa, Valeri Kurchanov, opinou que "o fator humano" não pode ser descartado, uma vez que o capitão do navio não ordenou o fechamento dos guichês quando o vento era forte e as ondas atingiram mais de um metro.

O presidente russo ordenou a criação de uma comissão estatal de investigação para esclarecer as circunstâncias da catástrofe fluvial, a mais grave ocorrida neste país desde 1983.

"O número de embarcações antigas que navegam por nossas águas supera todos os limites. Se até agora não tinha acontecido nada, isso não significa que não poderia ocorrer", declarou Medvedev.

O ministro de Situações de Emergência, Sergei Shoigu, propôs flutuar o navio, operação que poderia levar quatro ou cinco dias, e as autoridades devem enviar à região dois gigantescos guindastes.

Nas operações de flutuação participarão especialistas do Instituto de Pesquisas Científicas de São Petersburgo, que içaram em 2000 o submarino nuclear Kursk, naufragado no mar de Barents com 118 marinheiros a bordo.

EFE   
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