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Temor de radioatividade em alimentos oculta avanços em Fukushima

20 mar 2011 - 10h36
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Os operários do complexo nuclear de Fuskushima Daiichi continuaram neste domingo esfriando os reatores mais instáveis na usina, mas a detecção de radioatividade em alimentos da região impediram que aumentasse o otimismo.

O porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, confirmou neste domingo que foram detectados níveis de iodo radioativo acima do permitido no leite de quatro locais da província de Fukushima e em espinafres da província vizinha de Ibaraki.

Embora a contaminação tenha sido detectada a tempo e os produtos não tenham chegado a ser comercializados, essa descoberta poderia prejudicar os produtores agrícolas e criadores de gado locais, inclusive fora do perímetro de segurança de 30 quilômetros em torno da usina, no qual as precauções devem ser elevadas ao extremo.

O Governo japonês anunciou que, nesta segunda-feira, poderia aprovar normativas para evitar que alimentos contaminados da área próxima à central de Fukushima cheguem a ser distribuídos. O porta-voz Edano pediu tranquilidade aos japoneses, pois, segundo ele, "não existe risco imediato".

As autoridades também detectaram níveis de iodo radioativo na água corrente de Tóquio e em zonas próximas à capital, mas o Governo reiterou neste domingo que esses índices não representam risco para a saúde, assim como também não é perigoso expor-se à chuva na região.

As preocupações com a radioatividade nos alimentos se contrapõem aos avanços positivos no controle dos seis reatores do complexo de Fukushima, mas Edano destacou que a situação "é ainda incerta", sobretudo no reator 3 da usina.

As unidades 1, 2, 5 e 6 já estão conectadas a fontes de energia externa e, em breve, poderiam recolocar em funcionamento os painéis de controle e as bombas de água do sistema de refrigeração, mas o reator 1 poderia ter mais dificuldades, indica a Tokyo Electric Power (Tepco), empresa responsável pela operação da usina.

Os reatores 5 e 6 são os menos afetados. Neste domingo, foram registradas temperaturas relativamente normais em suas piscinas de armazenamento de combustível usado, o que permite uma certa tranquilidade quanto a tais unidades.

Os esforços se concentram nos reatores 3 e 4, os mais afetados pelas explosões que se sucederam após o terremoto de magnitude 9 na escala Richter que atingiu o nordeste do Japão no último dia 11 e foi seguido de um devastador tsunami, que deixou inutilizado os sistemas de refrigeração.

A unidade 3 é objeto de preocupação para a Agência de Segurança Nuclear do Japão, já que a pressão da parte de contenção, que protege o núcleo tinha aumentado e poderia ser necessário liberar vapor para evitar males maiores.

Os engenheiros da Tepco descartaram por enquanto realizar essa operação, que emitiria material radioativo à atmosfera, pois por enquanto a pressão parece ter se estabilizado.

Após jogar milhares de toneladas de água sobre o reator 3 neste fim de semana na tentativa de resfriar a piscina de combustível, membros do Exército japonês se dedicaram neste domingo a lançar líquido na unidade 4 pela primeira vez.

A operação, pela qual foram jogadas 80 toneladas de água, se prolongou por uma hora com a intenção de evitar que as barras de combustível ficassem expostas ao ar e, no pior dos casos, se fundam e emitam grandes quantidades de radiação.

Outro sinal positivo neste domingo foi uma importante queda nos níveis de radiação do complexo de Fukushima, já que as medições caíram para 2.579 microsievert por hora na manhã deste domingo, frente aos 3.443 de sábado.

No entanto, nem a Tepco nem o Governo cantaram vitória na estabilização dos reatores, especialmente na unidade 3, que utiliza como combustível uma mistura de urânio e plutônio (MOX), muito contaminante e perigosa.

A única coisa que ficou clara neste domingo é que o complexo nuclear de Fukushima Daiichi será desativado assim que se estabilizar, tal como confirmou Edano.

EFE   
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