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Franco-atiradores matam manifestantes, e Iêmen decreta estado de emergência

18 mar 2011 - 16h32
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Os arredores da Universidade de Sana foram palco nesta sexta-feira de um massacre no qual dezenas de manifestantes da oposição foram mortos por disparos de franco-atiradores que estavam em edifícios próximos.

O Ministério do Interior disse que neste tiroteio houve 25 mortes, mas fontes da oposição garantem que os número de vítimas foi de 41, sem contar centenas os feridos por tiros, golpes e armas brancas.

Com o objetivo de evitar maiores incidentes, o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, anunciou em entrevista coletiva que o país entrou nesta sexta em estado de emergência, válido por 30 dias.

Tudo começou depois das orações do meio-dia, importante evento religioso semanal para os muçulmanos.

Como comprovado pela Agência Efe, os disparos foram feitos por atiradores que estavam em telhados próximos à entrada da universidade, que vem sendo cenário de protestos contra o regime de Saleh desde o mês passado.

O tiroteio começou quando os manifestantes da oposição tentaram demolir um muro levantado por moradores de casas vizinhas à universidade de Sana.

Esse muro pretendia impedir a instalação de mais tendas de campanha em um local batizado como Praça da Mudança, onde centenas de pessoas mantêm uma vigília política.

O ministro do Interior, Mutahar al Masry, reconheceu que a polícia não estava nas proximidades quando começaram os distúrbios, mas depois compareceu, sem armas de fogo. Segundo ele, nenhum dos disparos foi feito pelos policiais. Masry também sugeriu aos manifestantes para que realizem seus protestos em um lugar diferente para evitar maiores problemas.

Em entrevista coletiva, Saleh lamentou a morte destes manifestantes da oposição, que qualificou como "mártires da democracia", e, da mesma forma que o ministro do Interior, negou que forças policiais tenham participado do tiroteio.

Na entrevista coletiva que concedeu no palácio presidencial, Saleh, chefe de Estado desde a unificação entre o norte e o sul, em 1990, disse que a morte desses manifestantes era "lamentável" pelo alto número de vítimas, e anunciou que as famílias dos mortos serão indenizadas.

O massacre de hoje aconteceu em meio aos protestos políticos que explodiram no Iêmen em 27 de janeiro, movidos pelas rebeliões em Tunísia e Egito, e se intensificaram em meados de fevereiro.

Os incidentes de hoje, no entanto, são os mais graves registrados desde o início da onda de manifestações.

Por causa deste tiroteio, o ministro de Turismo, Nabil al-Faqih, anunciou sua renúncia em protesto pelo ataque sofrido pelos manifestantes, informou à agência Efe uma fonte oficial.

Com isso, Faqih tornou-se o segundo ministro a renunciar por razões parecidas - o primeiro foi o titular da pasta de Assuntos Islâmicos, Hammoud al Hatar.

Os grupos da oposição iemenita pedem o fim do regime de Saleh e se negaram a participar de um diálogo nacional proposto pelo governante.

Saleh introduziu várias reformas políticas, incluindo a impossibilidade de voltar a se eleger, e ofereceu à oposição postos em um possível governo de coalizão, convite rejeitado pelos grupos opositores.

Em sua entrevista coletiva, Saleh fez um apelo à Arábia Saudita e outras nações do Golfo Pérsico para buscar uma mediação com a oposição a fim de tentar superar a atual crise política.

O Iêmen é o país mais pobre da península arábica. Além dos protestos da oposição, Saleh enfrenta a uma tentativa de secessão no sul, uma rebelião xiita no norte e esporádicas ações da Al Qaeda, que instalou no país sua principal base de operações na região.

EFE   
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