Após queda de Mubarak, Seul defende eleições "livres" no Egito
12 fev2011 - 03h43
(atualizado às 08h13)
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O governo da Coreia do Sul afirmou neste sábado que "respeita" a decisão de Hosni Mubarak de renunciar ao cargo de presidente do Egito, ao tempo que defendeu eleições "livres e justas" no país. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores sul-coreano indicou que o pleito é o "desejo" da população egípcia depois de Mubarak ter renunciado ao poder nesta sexta-feira após 18 dias de protestos. "Esperamos que a situação no Egito conduza a eleições livres e justas, como é o desejo da população", apontou o Executivo sul-coreano, que se comprometeu a "trabalhar de perto com o governo e o povo do Egito para levar a outro nível nossas relações de amizade e cooperação".
Em declarações à agência local Yonhap, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores sul-coreano disse que o governo do país asiático está satisfeito por a situação no Egito ter chegado a uma solução pacífica. "Estávamos preocupados com a possibilidade de uma revolta sangrenta e violenta que fechasse o Canal de Suez" e levasse ao aumento do preço do petróleo, apontou o porta-voz, que espera que a situação se estabilize no Egito após a renúncia de Mubarak.
Após 18 dias de protestos, Mubarak renuncia Começou no dia 25 de janeiro - uma data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, com o uso da hashtag #Jan25 no Twitter. Naquela terça-feira, os egípcios começaram uma jornada que durou 18 dias e derrubou o presidente Hosni Mubarak. Naquele momento, o líder que estava no poder há 30 anos ainda tinha poderes. No dia 28, ele cortou o acesso à internet e declarou toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não iria renunciar. Em pronunciamento, disse apenas que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população.
No dia 29, uma nova administração foi anunciada. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. A repressão continuou, e Mubarak colocou a polícia antimotins nas ruas novamente. Nada adiantava. A população aderia em número cada vez maior às manifestações, e a oposição começava a se movimentar. A nova cartada do líder de 82 anos foi anunciar que não participaria das próximas eleições. Mais uma vez sem sucesso. No dia 2 de fevereiro, manifestantes pró e contra Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro. Depois, houve perseguição a jornalistas.
Os dias subsequentes foram de diálogo e protestos pacíficos. No 17º dia de protestos, centenas de milhares receberam no centro do Cairo a notícia de que o líder poderia, finalmente, renunciar. O esperado pronunciamento se transformou em um balde de água fria quando Mubarak disse que não renunciaria, apesar de passar alguns poderes ao vice, Omar Suleiman. A fúria tomou conta da praça Tahrir, e ninguém levantou acampamento. Por fim, no final da tarde da sexta-feira, dia 11 de fevereiro, Suleiman, em um rápido pronunciamento na TV estatal, informou que Mubarak renunciava, abrindo um novo capítulo na história do Egito.
1985 - Mubarak discursa na Academia Policial, no Cairo
Foto: Reuters
1985 - Mubarak (dir.) recebe o Rei Hussein da Jordânia em encontro bilateral no Cairo, às prévias de visita a Washington para debater o processo de paz no Oriente Médio
Foto: Reuters
1986 - O então presidente francês, François Miterrand, recebe Mubarak no Palácio dos Eliseus, em Paris
Foto: Reuters
1986 - Mubarak é acompanhado pelo então Ministro da Defesa, Abdel-Halim Abu Ghazala (esq.), e o general Ibrahim Orabi (dir.) em visita a túmulo de soldado
Foto: Reuters
1986 - Mubarak recebe o senador norte-americano, Gary Hart, para debater o processo de paz no Oriente Médio
Foto: Reuters
1986 - O então premiê israelense, Shimon Peres, é recebido por Mubarak no Palácio Ras El-Tinn, em Alexandria
Foto: Reuters
1986 - Palácio Presidencial do Cairo sedia encontro de Mubarak com o então vice-presidente americano, George Bush
Foto: Reuters
1987 - O presidente Mubarak participa das eleições legislativas, no Cairo; seu Partido Nacional Democrata atualmente domina o parlamento egípcio
Foto: Reuters
1987 - Mubarak fala à nação em sessão parlamentar de abril, após as eleições legislativas
Foto: Reuters
1987 - No Palácio Presidencial do Cairo, o Secretário da Defesa americano Caspar Weinberger conversa com Mubarak
Foto: Reuters
1988 - Mubarak e sua mulher, Suzanne, posam para foto com o presidente Ronald Reagan e a primeira-dama Nancy Reagan, antes de jantar oficial na Casa Branca
Foto: Reuters
1988 - Mubarak e Reagan, então presidente dos EUA, posam para foto no Salão Oval, na Casa Branca
Foto: Reuters
1989 - Mubarak fala à Assembleia das Nações Unidas sobre a situação do diálogo entre Israel e Palestina
1989 - Mubarak cumprimenta o Reverendo Jesse Jackson, americano ativista dos Direitos Humanos, em encontro no Cairo
Foto: Reuters
1989 - Em Tóquio, Mubarak cumprimenta o então presidente israelense, Chaim Herzog, em encontro às margens do enterro do funeral do Imperador japonês Hirohito
Foto: Reuters
1991 - Mubarak interage com o coronel e líder líbio, Muammar Gaddafi, na chegada do presidente egípcio ao aeroporto de Benghazi
Foto: Reuters
1992 - O então premiê britânico, John Major, e Mubarak respondem a perguntas de jornalistas no Palácio Presidencial do Cairo
Foto: Reuters
1994 - No Egito, Mubarak (dir.) sedia encontro histórico entre o premiê israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o líder palestino, Yasser Arafat (centro)
Foto: Reuters
1997 - Mubarak gesticula em encontro com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, no Egito
Foto: Reuters
1997 - O então ministro do Exetrior israelense, Shimon Peres (dir.), fala com Mubarak (esq.), para discutir esboços a edição da Conferência Internacional da Paz, em Gênova
Foto: Reuters
1999 - Mubarak dá gargalhadas com o então presidente americano, Bill Clinton
Foto: Reuters
2001 - Mubarak é recebido pelo então presidente americano, George W. Bush, no Salão Oval da Casa Branca
Foto: Reuters
2003 - Lula, então na presidência do Brasil, é recebido por Mubarak em sua chegada ao Egito
Foto: Reuters
2009 - Mubarak cumprimenta o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, em encontro no Palácio Presidencial do Cairo
Foto: Reuters
2009 - Mubarak conversa com o presidente israelense, Shimon Peres
Foto: Reuters
2009 - Mubarak "conversa" com o presidente russo, Dmitri Medvedev, em encontro no Palácio Presidencial do Cairo
Foto: Reuters
2010 - Mubarak conversa com o atual premiê israelense, Benjamin Netanyahu, no Egito
Foto: Reuters
2010 - O atual presidente americano, Barack Obama, recebe Mubarak no Salão Oval da Casa Branca, em Washington
Foto: Reuters
2011 - No 17º dia de protestos populares e em seu último pronunciamento como presidente do Egito, Mubarak avisa à nação que fica na presidência egípcia; menos de 24 horas depois, ele pediria a renúncia