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Protestos no Iêmen põem fim à aspiração do presidente de se manter no poder

2 fev 2011 - 15h05
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As pressões da oposição iemenita e de milhares de manifestantes conseguiram pôr fim nesta quarta-feira às aspirações do presidente do país, Ali Saleh, de se perpetuar no poder.

Em discurso diante do Parlamento, o governante iemenita afirmou que "congelará as reformas constitucionais (que lhe permitiriam se candidatar à reeleição) de acordo com o que exige o interesse público", em meio aos protestos da oposição contra seu regime.

"Não à extensão do mandato", disse Saleh, em alusão às emendas à Constituição que queria introduzir para não limitar o número de mandatos presidenciais e facilitar o acesso de seu filho Ahmed ao poder.

A Constituição iemenita, que foi modificada em duas ocasiões desde a unificação do país em 1990, só permite ao presidente se candidatar a duas eleições, mas em 1º de janeiro o Parlamento tinha aprovado mudanças provisórias para derrogar estas disposições.

As reformas tinham sido propostas pelo governante Congresso Geral do Povo (GPC), liderado por Saleh, quem com o congelamento das mesmas já não poderá se lançar como candidato nas eleições presidenciais previstas para 2013.

A possibilidade de emendar a Constituição levou milhares de pessoas a exigir na quinta-feira passada ao presidente que não a reformasse.

Os manifestantes, que se concentraram de maneira pacífica em quatro pontos diferentes de Sanaa, gritaram frases como "não à reeleição, não à sucessão" e "não à corrupção nem à política do empobrecimento".

A oposição iemenita convocou para quinta-feira um dia de protestos, batizado como "dia da ira", no centro da capital.

O presidente iemenita manifestou sua oposição à organização de protestos violentos que provoquem "o caos e a destruição" e pediu aos opositores que participem de um Governo de união nacional.

"Peço aos irmãos (oposição) que interrompam as manifestações", disse Saleh.

"O que ocorre no Egito e na Tunísia é o caos , quando ele tem início, é difícil controlá-lo", disse Saleh, em referência às revoltas recentes que deixaram dezenas de mortos nesses dois países e, no caso da Tunísia, levaram à queda do presidente Zine El Abidine Ben Ali.

Este discurso diante do Parlamento foi considerado um passo positivo, porém insuficiente para fazer a oposição voltar atrás.

"Nós desejamos ver passos efetivos", disse opositor Al Saadi à Agência Efe.

Al Saadi anunciou que "a oposição continuará com seus protestos em Sanaa e em outras províncias", porque deseja "mandar uma mensagem pacífica ao presidente para que escute" suas reivindicações.

Os partidos da oposição pedem a Saleh que aplique um acordo assinado em fevereiro de 2009, que contou com o apoio da União Europeia (UE), e que tem a finalidade de garantir eleições livres e limpas mediante a reforma da lei eleitoral.

Para resistir a estes protestos opositores, centenas de partidários de Saleh se reuniram nesta quarta-feira no principal estádio de futebol de Sanaa, onde exibiam cartazes com mensagens de apoio ao presidente.

Saleh foi primeiro presidente do Iêmen do Norte em 1978 e passou a ocupar a Presidência da República do Iêmen após a unificação do país, cargo para o qual foi reeleito em 1999 e em 2006.

Em seu discurso nesta quarta-feira diante do Parlamento, o governante iemenita afirmou também que iniciará um diálogo com a oposição.

Além disso, ressaltou que adiará o pleito parlamentar, previsto para abril, a pedido de grupos opositores, que denunciam irregularidades no registro de eleitores.

"Vou fazer concessões atrás de concessões pelo bem desta nação, porque o bem da pátria está acima de nossos interesses pessoais", declarou Saleh.

EFE   
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