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Brisbane amanhece com aspecto de "zona de guerra" após as enchentes

13 jan 2011 - 10h31
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Brisbane, a terceira cidade da Austrália em tamanho, amanheceu esta quinta-feira com aspecto de "zona de guerra", após as persistentes inundações que causaram o maior desastre natural da história de Queensland.

A destruição afeta não só à capital do estado; outras 70 cidades e povoados do território estão inundados e isolados, situação que atinge 2,5 milhões de pessoas, como divulgou a rádio "ABC".

Desde segunda-feira morreram 15 australianos, e o número chega a 26 se contarem os óbitos desde o início de dezembro, quando ocorreram as primeiras inundações, ao menos 60 pessoas continuam desaparecidas e o número de desabrigados chega perto de 200 mil.

Um australiano de 24 anos, que foi tragado pelo esgoto quando inspecionava a situação da casa de seu pai, foi a última vítima fatal da lista e a primeira de Brisbane, onde vivem 2 milhões de habitantes.

"Assistimos a cenas de devastação e destruição incríveis, bairros inteiros onde só é possível ver os telhados, onde centros de trabalho inteiros ficaram completamente debaixo d''água", descreveu a chefe do Governo de Queensland, Anna Bligh.

As autoridades prometeram mais agentes para que patrulhem as ruas e vigiem para evitar saques na cidade semiabandonada, particularmente nos 35 bairros alagados pelo aumento das águas.

Nas ruas, os cidadãos evacuados e que não sabem quando voltarão para suas casas se aproximavam nesta quarta-feira da ameaçadora margem do rio Brisbane, ainda fora de seu leito, e contavam à televisão australiana relatos do vivido, alguns heróicos.

A proeza mais lembrada ocorreu com o piloto de um rebocador que em condições adversas conduziu uma peça de concreto de 300 toneladas para um local seguro, sem ferir ninguém.

Bligh adiantou aos cidadãos que algumas pessoas demorarão "meses" para poder voltar as suas casas e outras não poderão retornar pelo fato de o local ter ficado inabitável.

Os bairros de Brisbane que mais danos apresentavam em um primeiro reconhecimento após passar o perigo eram os de St Lucia, Rocklea, Graceville e West End.

Canoas, botes, barcos infláveis e qualquer objeto que flutue substituíram os veículos nas ruas inundadas da cidade.

Um analista do Governo, Greg Hallam, calculou que a destruição na rede de infraestruturas de Queensland é em massa, principalmente na artéria de estradas comarcas, necessitarão ao menos dois anos para completar as obras de reabilitação.

"Enfrentamos uma reconstrução de proporções de pós-guerra", resumiu o líder de Queensland, quem comparece a cada duas horas pela televisão para oferecer novos dados da situação.

As imagens aéreas de Brisbane, Ipswich, Toowoomba e outras áreas mostram uma paisagem desoladora, com um manto de água marrom, lodosa, que cobre parques industriais inteiros, estradas, pontes, ferrovias, zonas de cultivo e plantações.

Uma tropa de 120 soldados e 90 voluntários está trabalhando no resgate de pessoas desaparecidas no Vale do Lockyer, que foi alvo de uma tromba d''água de até oito metros de altura na segunda-feira.

O trabalho estava centrado nesta quinta-feira nos aproximadamente 30 quilômetros que separam as localidades de Grantham e Spring Bluff, uma área remota no vale.

O norte do estado de Nova Gales do Sul, ao lado de Queensland, foi afetado nas inundações, e, na localidade de Grafton, há mais de 3 mil pessoas evacuadas.

Em Victoria ocorreram enchentes e as previsões meteorológicas apontam que as fortes chuvas e os ventos vão persistir no fim de semana.

O Escritório de Meteorologia australiano garante que estas tempestades, mais graves que em outros anos, são consequência do fenômeno do "La Niña", que esfria as correntes marinhas do Oceano Pacífico e aumenta a intensidade das chuvas.

EFE   
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