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Painéis solares levam energia e internet às ilhas peruanas do Titicaca

5 dez 2010 - 10h01
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Eles vivem a mais de 4 mil metros de altura, rodeado pelo mais alto lago navegável do mundo, alguns precisam de luz e de água corrente em suas casas mas agora estão conectados há poucos dias ao resto do mundo por meio da internet e de vários computadores.

Os 4 mil habitantes de Amantaní - uma ilha situada nos lago Titicaca, ao sul do Peru e perto da fronteira com a Bolívia - e os 2 mil residentes da vizinha ilha de Taquile formam a área de gestão política (distrito).

Um projeto de energias renováveis para o desenvolvimento de zonas rurais, criado pela União Europeia e com o qual colaboram vários ministérios peruanos, devolveu aos dois povoados a esperança e pretende acabar com o isolamento do local.

Substituíram o reflexo do sol por espelhos, como meio de comunicação, por computadores e internet e nesta semana os habitantes de Amantaní participaram de uma videoconferência com representantes da UE em Bruxelas para inaugurar o projeto.

Cinco comunidades, nas duas ilhas, foram escolhidas, com outras 125 em todo o país, para receberem o painel solar, aerogerador, computadores, impressora e conexão à internet.

Os equipamentos começaram a ser distribuídas há seis meses entre os 2 mil estudantes da região que utilizavam vídeos para facilitar os métodos de aprendizagem.

"As crianças encontraram todo um universo desconhecido a partir da computação", enfatiza o professor Alberto Salas.

Janet, estudante de uma das escolas da ilha, conta que sua rotina mudou radicalmente: agora não precisa encarar quatro horas de lancha para buscar material de ensino na cidade mais próxima, Puno, que é, além disso, uma das regiões com os maiores níveis de radiação solar do Peru.

"Tínhamos de dormir na lancha, além do mais era caro ir a Puno", complementa seu companheiro Juan Carlos, quem se soma a Janet para agradecer à União Européia ter idealizado o programa Euro-Solar, iniciado no Peru e em outros sete países da América Latina.

Como parte do projeto, a única médica da ilha recebeu uma geladeira para o armazenamento de remédios e vacinas, mas ainda precisa de meio de transporte para mover-se na ilha, de 64 quilômetros quadrados, assim como de um bote-ambulância para atendimentos de urgência aos pacientes em terra firme.

Para dar continuidade ao programa europeu, os analistas fizeram um árduo trabalho para capacitar à população e convencê-la da importância de conservar os painéis, assim como de gerar receita para a manutenção dos equipamentos.

Os técnicos esperam que as velhas rivalidades entre as diferentes comunidades não frustrem o projeto, porque a idiossincrasia de Amantaní já impediu, por exemplo, a instalação de um sistema de canalização de água.

Os painéis solares voltaram a entusiasmar os habitantes do Titicaca, que viram como na década de 90 o então Governo de Alberto Fujimori dotou à ilha de uma rede elétrica que durou pouco pela falta de recursos econômicos para pagar o serviço.

Os ilhéus desejam que cada família tenha um sistema solar em suas casas, pois apenas alguns privilegiados, 20% dos amananties, contaram com 1,2 mil sóis (US$ 400) para comprar o painel e o resto do equipamento necessário.

Diante da falta de luz artificial, as comunidades levam a vida ao ritmo da luz solar: acordam com os primeiros raios de sol, por volta das 4h30 no horário local. É normal ver crianças jogando bola às 5h da manhã, antes de irem ao colégio.

Com o propósito de financiar a instalação de mais painéis na comunidade com recursos da UE, as autoridades locais de Amantaní arrecadaram assinaturas entre as famílias residentes para dotar cada casa de um equipamento.

"Mudaria o futuro das crianças. Permitiria atrair mais turistas e permitiria o crescimento dos pequenos em melhores condições de saúde", sustenta Demetrio Pacompía, morador da localidade.

Os painéis residenciais permitiriam ter utensílios domésticos modernos, que precisam de energia para funcionar, e assim elaborar maior quantidade de produtos artesanais que vendem aos turistas, principal fonte de receita de habitantes de Amantaní, apontam os analistas.

"Eu gostaria muito de ter um painel solar (em casa)", suspira Janet, ao elogiar como é "lindo" ter luz, segundo contam seus amigos.

EFE   
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