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Pimentel teria atuado no mensalão do PT, diz revista

26 fev 2010 - 19h12
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O processo que investiga o mensalão do PT pelo Supremo Tribunal Federal inclui o nome de Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, apontado como um dos operadores de remessa ilegal de recursos para o exterior. A informação é da revista IstoÉ que chegou às bancas nesta sexta-feira.

A revista afirma que teve acesso ao processo judicial com 69 mil páginas contendo laudos sigilosos da Polícia Federal, relatórios reservados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), pareceres da Receita Federal e outras representações criminais que tramitam sob segredo de Justiça em vários Estados.

Fernando Pimentel, um dos prováveis coordenadores da campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), é citado pela revista como participante das investigações do escândalo que veio a público em 2005.

Ele é apontado no processo, segundo a IstoÉ, como um dos operadores de remessa ilegal de recursos para o exterior depois usados para pagamentos de dívidas do PT com o publicitário Duda Mendonça.

A origem desses recursos, de acordo com denúncia do Ministério Público de Minas Gerais citada na reportagem, está em um contrato superfaturado da prefeitura de Belo Horizonte feito durante a gestão de Pimentel.

A revista também indica a suposta presença de recursos públicos no esquema de compra de votos pelo partido. De acordo com a reportagem, o processo traz depoimentos que comprovariam o desvio de recursos da verba publicitária do Banco do Brasil para o PT.

Em outro caso, de acordo com a reportagem, as investigações apontam que houve o envio pela cúpula nacional do PT de 1 milhão de reais não contabilizados à Executiva Regional da sigla do Rio Grande do Sul. O dinheiro teria sido usado para pagar dívidas do Fórum Social Mundial, evento organizado por entidades e partidos de esquerda para se contrapor ao Fórum Econômico Mundial realizado na Suíça.

A reportagem traz também trechos de depoimentos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do vice-presidente José Alencar e dos ex-ministros do governo Lula Walfrido dos Mares Guia (Turismo), Aldo Rebelo (Articulação Política) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça).

Fernando Henrique elogia o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB), autor das denúncias sobre o mensalão. Alencar nega que sabia do uso de recursos irregulares na campanha presidencial de 2002.

Já os ex-ministros teriam confirmado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria tomado conhecimento do suposto esquema de compra de apoio político em conversa com Roberto Jefferson.

PT: OBJETIVO ELEITORAL

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, criticou o vazamento das informações.

"Me surpreende de forma brutal que 69 mil páginas de um processo que tramita sob segredo de Justiça vaze. Não é um vazamento, é quase uma abertura de comporta", disse Dutra à Reuters.

"O problema é se voltar ao processo eleitoral em que o único objetivo é destruir reputações", acrescentou. "O objetivo é claramente eleitoral."

Ele vê como fato novo na reportagem a menção ao ex-prefeito de BH. "É surpreendente. O Pimentel nunca foi citado, nunca foi arrolado", rebateu. "É um contrato que foi feito anos atrás e nunca houve questionamento jurídico."

Perguntado se a posição do ex-prefeito de Belo Horizonte na campanha eleitoral se fragiliza, Dutra negou: "Pimentel está super tranquilo e nós também". Pimentel também tenta disputar o governo de Minas Gerais nas eleições de outubro.

Segundo Dutra, o PT e Pimentel analisarão possíveis medidas judiciais contra a revista e o vazamento.

O Banco do Brasil informou que não se manifestaria.

(Reportagem de Fernando Exman)

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