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No primeiro dia à frente do Paraguai, Federico Franco diz "aqui não há golpe"

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Com um "aqui não há golpe", o novo presidente do Paraguai, Federico Franco, iniciou neste sábado seu primeira dia à frente do Paraguai convencido de contar com o apoio "unânime" de sua nação, embora falte o reconhecimento de muitos vizinhos.

Em sua primeira entrevista coletiva à imprensa internacional, o líder admitiu que sua situação é complicada e que há inconvenientes com a comunidade internacional. No entanto, defendeu a legalidade do julgamento político que levou à cassação de Fernando Lugo na última sexta-feira e sua tomada do poder.

"Aqui não há golpe, não há desagregação institucional. É uma situação legal que a Constituição e as leis do meu país permitem para fazer uma mudança quando a situação se torna inviável", manteve.

Assunção e o país em geral amanheceram tranqüilos, enquanto isso, no Palácio Presidencial estava repleto de gente desde o início da manhã, quando Franco chegou ao seu escritório e recebeu primeiramente o núncio apostólico, o italiano Eliseo Ariotti.

"É um dom de Deus, mas também dos homens e dos paraguaios a reconstrução", disse o representante do Vaticano, que explicou estava "honrando" as novas autoridades.

No entanto, os Governos do Peru e Cuba se somaram neste sábado aos da Argentina, Equador, Bolívia, República Dominicana e Venezuela na recusa em reconhecer ao Governo de Franco pela pressa com que o ex-bispo Lugo foi cassado ontem, em um processo de menos de 30 horas.

Enquanto isso, o Brasil, Mercosul e Unasul não fizeram nenhum pronunciamento oficial sobre a questão. Este último bloco tentou sem sucesso mediar a crise paraguaia com o envio de uma missão de chanceleres que hoje abandonaram o país.

O Peru convidou seus parceiros a uma cúpula de emergência da Unasul na próxima semana. Da mesma forma, o Mercosul terá um encontro na cidade argentina de Mendoza previsto para os dias 28 e 29.

"A Unasul vai a tomar sua decisão (...) Primeiro temos que receber a notificação do bloco, os argumentos. O Paraguai é um país soberano, livre e independente. Sabemos da situação de crise e que os amigos da Unasul vão saber compreender a situação", disse Franco.

Na mesma linha, o novo presidente disse estar tranqüilo e destacou que sua prioridade é agora "organizar a casa" para depois entrar em contato com os líderes vizinhos "no momento certo".

Franco ainda falou sobre a calma nas ruas de Assunção como prova da legitimidade da mudança de poder e o apoio "unânime" que recebeu, tanto da Igreja Católica, como dos sindicatos e partidos políticos.

Sobre o Mercosul, bloco do qual o Paraguai faz parte junto com Brasil, Argentina e Uruguai, Franco mencionou que seu Governo não recebeu um "convite claro" para ir a Mendoza e que não quer "forçar a situação". Da mesma forma, o político falou que sua prioridade é escolher o Gabinete que tomará posse na próxima segunda-feira.

"O normal é que assistamos e a decisão é ir", disse em entrevista coletiva o novo ministro das Relações Exteriores, José Fernández, segundo a agência oficial IP, embora um porta-voz consultado pela Agência Efe tenha admitido que ainda não receberam convite.

Por enquanto, o primeiro contato com um Governo estrangeiro feito por Franco foi com o ministro alemão de Cooperação, Dirk Niebel, que tinha uma visita programada a Assunção neste sábado e chegou ao Palácio junto a uma delegação da União Industrial Paraguaia (UIP).

Para completar o dia, o novo presidente foi a uma missa na Catedral de Assunção, onde foi recebido com gritos e aplausos pelas 300 pessoas reunidas para o ato "Juntos pela Paz e a Justiça". O evento foi convocado dias atrás em memória dos 17 mortos durante um despejo policial de "sem terras" da fazenda de um político em Curuguaty, tragédia que provocou a queda de Lugo. EFE

ja-rg/cl

(foto)(vídeo)

EFE   
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