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Mundo

Zuma mira a presidência na África do Sul

21 abr 2009 - 07h10
(atualizado às 08h36)
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Herói dos pobres para uns e ameaça à democracia para outros, Jacob Gedleyinhlekisa Zuma, líder do partido Congresso Nacional Africano (CNA), desponta como o quarto presidente da África do Sul após o fim do "apartheid" em 1994.

Se confirmar o favoritismo e vencer o pleito de amanhã, Zuma será presidente e protagonista de uma milagrosa ressurreição política, depois de em 2005 o então chefe de Estado, Thabo Mbeki, o ter destituído da Vice-Presidência ao suspeitar que tinha cobrado propinas de uma empresa francesa em 1999.

No último dia 6, a Procuradoria Geral sul-africana retirou as acusações de corrupção, fraude, extorsão e lavagem de dinheiro contra Zuma, após quase dez anos de polêmicas nos tribunais, e permitiu que o candidato chegasse às urnas livre de problemas com a Justiça.

O tribunal considerou que houve manipulação no processo aberto contra Zuma.

Nascido em KwaZulu Natal em 1942, Zuma, que tem três títulos de doutor "honoris causa", não conseguiu concluir o primário, pois, órfão de pai, foi criado por sua mãe, uma empregada doméstica a quem ajudou desde pequeno esfregando chão e limpando vidros.

Entrou no CNA com 17 anos, um ano antes de a organização ter sido ilegalizada pelo regime do "apartheid", e em 1962 se incorporou ao braço armado do CNA, formado em 1960 por Nelson Mandela.

Em 1963 foi detido e preso durante dez anos na famosa ilha penitenciária de Robben, junto com Mandela.

Após sua libertação em 1973, Zuma se dedicou novamente ao CNA e se exilou em 1975, para instalar-se sucessivamente em Suazilândia, Moçambique e Zâmbia, onde ganhou espaço no partido e comandou o serviço secreto do grupo.

Voltou à África do Sul em 1990, após a legalização do CNA e o começo da negociação para acabar com a segregação racial, e seguiu crescendo até que, em dezembro de 1994, já com Mandela na condição de primeiro chefe de Estado negro da África do Sul, obteve a presidência do partido.

Três anos mais tarde teve de se conformar com a vice-presidência da legenda, já que a liderança coube a seu rival, Thabo Mbeki, então vice-presidente da África do Sul.

Quando no pleito de 1999 Mbeki foi eleito presidente do país, Zuma se transformou em vice-presidente, renovando sua condição após a reeleição do governante em 2004.

Entendia-se na época que Zuma seria o candidato natural à Presidência pelo CNA em 2009, já que Mbeki não poderia se apresentar a um terceiro mandato, mas a situação mudou em 8 de junho de 2005, quando o assessor financeiro de Zuma, Sheik Schabir, foi condenado a 15 anos de prisão por corrupção.

Seis dias mais tarde, Mbeki destituiu Zuma como vice-presidente da África do Sul.

Em 2006, sua situação não podia ser pior, ao ter sido acusado de violação e, embora tenha sido absolvido por falta de provas, foi objeto de brincadeiras ao dizer que, como o caso envolveria uma mulher portadora de HIV, tinha tomado banho imediatamente "para evitar o contágio".

No entanto, em dezembro de 2007, foi eleito presidente do CNA por alas radicais do partido, e escolhido para ser candidato a chefe de Estado em uma convenção na qual não deixou de soar o refrão de seu "hino" político: "Traga minha metralhadora!".

Zuma não recuou em sua batalha nos tribunais contra as acusações de corrupção e também dentro do próprio partido, até que em setembro último a direção do CNA destituiu da Presidência do país seu rival, Mbeki, e colocou de forma transitória no cargo Kgalema Motlanthe, um de seus partidários.

Polígamo, com quatro esposas, sendo que com a primeira delas está casado há 50 anos e a última tem 33 anos, a imprensa do país especula sobre qual delas ocupará o posto cerimonial de primeira-dama.

Seus detratores criticam sua poligamia, e o CNA a justifica como uma situação avalizada pela cultura zulu.

EFE   
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