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Zimbábue decide hoje se Mugabe fica mais cinco anos no poder

31 jul 2013 - 15h37
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A contrário das violentas eleições de 2008, o Zimbábue votou nesta quarta-feira com tranquilidade e contou com grande participação popular para decidir se Robert Mugabe, presidente há 33 anos, continua no cargo.

A oposição denunciou que o censo municipal teria sido manipulado para garantir a vitória de Mugabe, 89 anos. Os 6,4 milhões de eleitores, que também escolhem representantes locais, do Parlamento e do Senado, votaram sob a vigilância de 62 mil soldados das forças de segurança para evitar distúrbios.

Segundo a Comissão Eleitoral, o resultado deve sair em até cinco dias.

Ao votar, Mugabe afirmou que, caso vença, vai completar o mandato e não passará o poder para outro dirigente de seu partido, União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF), apesar da idade avançada.

"Vou completar meus cinco anos de mandato. Não vou enganar povo que vota em mim", assegurou o presidente em um colégio do subúrbio em Harare, acompanhado por sua esposa, Grace, e seus filhos.

Mugabe prometeu ontem que se retiraria da política caso seja derrotado nas urnas. O presidente enfrenta pela terceira vez seu principal rival, o primeiro-ministro do governo de união nacional, Morgan Tsvangirai, líder do Movimento por Mudança Democrática (MDC), além da outros dois candidatos com poucas chances de vitória.

Tsvangirai votou no bairro de Mount Pleasant, no norte de Harare, onde disse estar vivendo um momento "muito emocionante após todo o conflito, a estagnação, a desconfiança e a hostilidade" reinante no país nos últimos anos.

É a primeira eleição no Zimbabue, que se tornou independente do Reino Unido em 1980, desde o violento processo eleitoral de 2008, que causou a morte de cerca de 200 partidários de Tsvangirai e terminou com a formação de um governo de união nacional sob a observação da comunidade internacional.

"Finalmente, o Zimbábue será capaz de seguir adiante", celebrou hoje o líder do MDC.

O dia de eleição foi marcado pelas longas filas em muitos colégios eleitorais, formadas por cidadãos que desafiaram o clima ruim do inverno para exercer seu direito democrático.

A Comissão Eleitoral do Zimbábue se declarou "satisfeita" com o desenvolvimento da votação e informou que a participação foi alta, apesar de ainda não haver estatísticas oficiais.

Tawanda, um estudante de contabilidade de 24 anos, morador do subúrbio de Warren Park, explicou à Agência Efe que tinha votado para "ter um futuro. Quero poder terminar minha faculdade e conseguir um trabalho".

A crise econômica que o Zimbábue atravessa desde a década passada, por causa da polêmica reforma de "indigenização" impulsionada por Mugabe para expropriar as terras e empresas dos brancos, provocou uma taxa de desemprego próxima aos 80%.

Às vésperas das eleições surgiram denúncias de manipulação do censo eleitoral para impedir que eleitores do MDC conseguissem votar. O secretário-geral do MDC, Tendai Biti, denunciou hoje que "milhares e milhares" de eleitores foram privados de seu direito ao ficar de fora do censo.

A embaixadora britânica no Zimbábue, Deborah Bronnert, disse em sua conta no Twitter que houve "um número significativo" de votos negados em alguns colégios urbanos, embora não tenha fornecido detalhes.

A porta-voz da polícia zimbabuana (controlada pelo partido de Mugabe), Charity Charamba, declarou à rádio estatal que a votação foi "muito tranquila" nas dez províncias do país. Ela indicou, no entanto, que dois funcionários do MDC foram detidos em Harare pelo suposto roubo de uma cópia do censo eleitoral.

O chefe da missão de observadores da União Africana (UA), o ex-presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo, informou que "por enquanto, não há nada com o que se preocupar" no processo eleitoral. Cerca de 600 observadores internacionais, a maioria africanos, e outros seis mil locais zelaram pelo correto desenvolvimento das eleições.

EFE   
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