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Mundo

Xi Jinping, o homem que sabe agradar

7 nov 2012 - 22h19
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O vice-presidente chinês, Xi Jinping, a quem o 18º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh) deve nomear como seu próximo líder, é um candidato de consenso entre as facções de poder que, principalmente, soube agradar todas elas.

Como vice-presidente do país e "número dois" no Comitê Militar Central - órgão encarregado das Forças Armadas - é quase certo que o Congresso o nomeará como novo secretário-geral do partido, para substituir Hu Jintao, que nos próximos meses também será substituído no cargo de chefe de Estado e à frente do Comitê Militar Central.

Alto, de personalidade aberta e autoconfiante, Jinping soube fazer carreira nas províncias, longe do centro de poder em Pequim, criar uma imagem de pragmático, capaz de resolver problemas difíceis, e ser discreto ao ponto de ser mais conhecido por ser casado com Peng Liyuan, uma famosa cantora chinesa.

Além disso, em seus contatos com o exterior, deixou a impressão de ser um homem com quem se pode dialogar.

Embora Jinping ainda não tenha dado pistas sobre como pensa governar, para não criar inimigos antes do tempo entre as diferentes facções do regime, há indícios de que seu estilo de comando será diferente do tecnocrata Hu Jintao.

Recentemente vazou para a imprensa local que o vice-presidente chinês tinha se reunido em julho deste ano com o reformista Hu Deping, filho de Hu Yaobang, o secretário-geral do PCCh sob cujo comando durante a década 1980 a China viveu um significativo período de abertura.

Os analistas destacam também que, ao contrário de Hu Jintao - de quem não se sabe ao certo nem sequer dados tão básicos como seu lugar exato de nascimento -, vários detalhes biográficos sobre o novo líder são públicos, desde seu gosto pelos filmes de ação de Hollywood até sua ausência do nascimento da filha, Xi Mingze, por motivos de trabalho.

"Houve um esforço para criar uma narrativa em torno de Jinping", ressaltou Kerry Brown, catedrático de Política Chinesa na Universidade de Sydney, para conceder-lhe o rótulo de "um tipo de líder mais humano".

Nascido em Pequim em 1953, Jinping é um dos "príncipes", filhos de famílias de altos dirigentes do regime. Seu pai, Xi Zhongxun, foi um dos fundadores do PCCh.

Porém, em 1962 a sorte da família sofreria uma reviravolta, quando Xi Zhongxun, então vice-primeiro-ministro, caiu em desgraça e acabou preso. Seu filho, como outros tantos jovens durante a Revolução Cultural, foi enviado ao campo, à província de Shaanxi (norte), para reeducar-se e "aprender com as massas".

A solidão que ali viveu e o duro trabalho físico fizeram com que sempre tenha criticado a Revolução Cultural. Mas, ao mesmo tempo, durante sua etapa em Shaanxi, decidiu - de acordo com documentos vazados pelo site Wikileaks - "sobreviver sendo mais vermelho que ninguém".

Em seu retorno a Pequim, estudou Engenharia Química na Universidade de Tsinghua. Em 1974, ingressou no Partido Comunista, que o transferiu como secretário local da formação à província de Hebei.

Durante os anos 80, como gerente médio em Hebei, visitou o estado agrícola de Iowa, nos Estados Unidos, uma viagem da qual falou com satisfação e que reviveria 25 anos depois, em sua primeira visita oficial como vice-presidente à principal potência mundial.

De Hebei, foi promovido a postos de cada vez maior relevância nas províncias de Fujian e Zhejiang, na próspera costa leste do país.

Em Fujian, Jinping, divorciado de sua primeira esposa, Ke Lingling, após três anos de casamento, conheceu Peng, já então uma cantora de renome e com quem se casou em 1987. Sua filha, Xi Mingze, estuda na Universidade de Harvard sob um pseudônimo, segundo a imprensa americana.

Em 2007, foi nomeado secretário do PCCh em Xangai, a segunda maior cidade do país, depois que seu antecessor, Chen Liangyu, foi cassado por corrupção.

Nesse mesmo ano, passou a fazer parte do Comitê Permanente do Politburo, o principal órgão do partido. Um ano depois, se tornou vice-presidente da China.

Xi Jinping ficará à frente do país nos próximos dez anos, uma etapa fundamental na qual se espera que a China se transforme na maior economia do mundo. EFE

mv/cs/rsd

(foto)

EFE   
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