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Mundo

Votação sobre casamento gay é teste para premiê britânico

5 fev 2013 - 16h58
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O parlamento britânico vota nesta terça-feira a lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Inglaterra e no País de Gales, num teste para o primeiro-ministro, David Cameron.

A proposta, defendida por Cameron, dividiu seus correligionários, causando uma rebelião no fim de semana entre setores mais à direita do seu partido, o Conservador.

Se aprovada, a lei coloca a Grã-Bretanha no seleto grupo de onze países que já permite o chamado casamento igualitário, entre os quais a Argentina, a Holanda e a Noruega.

Assim como no Brasil, a Grã-Bretanha já permite, desde 2005, a união civil, que não concede direitos plenos ao casal.

Divisão

No fim de semana, um grupo de 20 líderes locais do Partido Conservador entregou uma carta a Cameron alertando que a agremiação pode ser derrotada na próxima eleição por causa do tema.

Cameron disse nesta terça-feira que o casamento homossexual é "um importante avanço" que irá fazer a sociedade britânica "mais forte". Nos últimos dias ele também escalou ministros e a secretária de Cultura, Maria Miller para defender a medida

"As propostas para mudança são simples e diretas. Se um casal se ama, o Estado não pode impedi-los de se casar, a não ser que haja uma boa razão. E ser gay não é uma razão suficiente", disse Miller em um artigo em jornais britânicos.

Para o analista de política da BBC Nick Robinson, "Cameron quer que seu governo seja lembrado por uma grande mudança social, e não apenas pelos esforços para consertar a economia".

Ironicamente, a proposta tem apoio da oposição trabalhista e dos liberais-democratas, que dividem a coalizão de governo com os conservadores.

O britânicos também dão sinais de apoiarem a nova lei. Na última semana de 2012, duas pesquisas, do jornal The Independent e do The Guardian, mostraram que 62% concordam com a proposta.

A lei vale apenas para a Inglaterra e o País de Gales. A Escócia e a Irlanda do Norte tem legislação própria sobre o tema.

Igreja Anglicana

Entre os opositores da mudança estão grupos religiosos e o arcebispo da Cantuária, Justin Welby, cuja autoridade como líder da Igreja Anglicana só é inferior à da Rainha Elizabeth 2ª.

O tema é particularmente espinhoso para os anglicanos. Alguns párocos temem ser processados por casais homossexuais que se sentirem discriminados por não poderem se casar e até obrigados a conduzir, a contragosto, cerimônias religiosas sob ordem judicial.

Para prevenir ações na Justiça e na Corte Europeia de Direitos Humanos, a lei faz uma concessão e proíbe casamentos entre pessoas do mesmo sexo na Igreja Anglicana (algo passível de mudança, caso os religiosos assim o decidam).

Outras religiões, no entanto, estarão livres para conduzir casamentos gays com validade civil.

A discussão no Parlamento britânico se dá na mesma semana em que o tema também é debatido na França.

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