VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS Crianças são seres vulneráveis e, por isso, devem ser mais bem protegidas. Apesar de muitos avanços, o ano de 2014, que comemora 25 anos da Convenção sobre os Direitos das Crianças feita pela ONU/Unicef ainda apresenta números tristes e violentos. NÚMERO para destaque: Em 2014, ao menos 15 milhões de crianças morreram em conflitos em países como Ucrânia, Síria, Iraque, República Centro-Africana e Sudão do Sul. Segundo a Unicef, pelo menos 230 milhões vivem em regiões afetadas por confrontos armados. Tela 1: Definindo a violência contra crianças “Todas as formas de violência contra as crianças são inaceitáveis. (...) Frequência, gravidade do dano e intenção de machucar são prerrequisitos para a definição de violência. (...) porém, definições não devem arruinar o direito absoluto das crianças por dignidade e por integridade física e psicológica”. Comissão das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança Tela 2: Violência física A violência física contra crianças inclui toda a punição corporal e todas as formas de tortura, crueldade, tratamento degradante ou desumano, punições físicas e bullying e brincadeiras feitos tanto por outras crianças, como por adultos. A punição corporal é definida como toda aquela em que força física é usada com intenção de causar qualquer dor ou desconforto – mesmo que pequenos. A maior desse tipo de violência envolve bater com as mãos (seja por tapas ou murros) ou com complementos (cintos, sapatos etc). Mas também pode envolver, por exemplo, chutes, arranhões, beliscões, mordidas, puxões nos cabelos ou de orelhas. Este tipo de violência envolve qualquer imposição relacionada a atividades sexuais por um adulto ou outra criança contra qualquer menor de idade. Isto inclui: - Incentivo ou coação para que uma criança se dedique a qualquer atividade sexual ilegal ou psicologicamente prejudicial; - Uso de crianças na exploração sexual para fins comerciais; - A utilização de crianças em áudios ou imagens caracterizadas como abuso sexual de crianças; - A prostituição infantil, escravidão sexual, a exploração sexual em viagens e turismo, o tráfico para fins de exploração sexual (dentro e entre países), a venda de crianças para fins sexuais e casamentos forçados. - Abuso sexual online: embora não exista algum número relativo ao abuso sexual na internet, sabe-se que milhões de crianças são vítimas online com fotos e vídeos circulando na rede. Apesar de imagens serem vendidas e repassadas entre pedófilos há muitos anos, a web derrubou algumas barreiras para a pornografia infantil. As atividades sexuais também são consideradas como abuso quando cometidas contra uma criança por outra criança, se o infrator for significativamente mais velho que a vítima ou usa o poder, ameaça ou outros meios de pressão. Esta violência é geralmente descrita como sendo maus tratos psicológicos, abuso mental e verbal e também negligência emocional. Ela inclui: - Todas as formas de interações persistentes que são prejudiciais à criança; - Assustar, aterrorizar e ameaçar; explorar; desprezar e rejeitar; isolar e ignorar; - Negar a responsabilidade pelo emocional; negligenciar a saúde mental, as necessidades médicas e educacionais; - Insultar, falar mal, humilhar, menosprezar, ridicularizar e ferir os sentimentos de uma criança; - Expô-las à violência doméstica; - Colocar crianças em regime de isolamento ou em condições humilhantes, degradantes e de detenção; - Expô-la ao bullying psicológico por adultos ou outras crianças, inclusive por meio de tecnologias de informação e comunicação (TIC), como telefones celulares e Internet (conhecido como 'cyber-bullying'). Tela 5: Outras formas comuns de violência > ‘Disciplina’ que machuca: ensinar às crianças autocontrole e a assumir comportamentos aceitáveis é uma parte integrante da disciplina em todas as culturas. No entanto, milhões de crianças são criadas através de métodos que dependem da força física ou da intimidação verbal para punir comportamentos indesejados e incentivar os desejados. Em muitos casos, ao invés de ser uma escolha disciplinar, tais métodos violentos são utilizados como resultado da raiva e frustração dos pais e da falta de conhecimento. > Tratamento negligente: a não satisfação das necessidades físicas e psicológicas das crianças, seja para protegê-las do perigo ou para obter ajuda médica, registro de nascimento ou outros serviços. > Negligência emocional e psicológica: inclui a falta de qualquer tipo de apoio emocional e amor, a desatenção crônica, a exposição à violência ou abuso de drogas ou álcool, a negligência à saúde física ou mental, a retenção aos cuidados médicos essenciais, a negligência educacional e o abandono. Alguns números da violência contra crianças pela Unicef: - De acordo com o 4º Estudo Nacional de Incidência de Abuso e Negligência à Criança nos Estados Unidos, pelo menos 73% dos casos de abuso emocional que são oficialmente reportados no país foram realizados por pais biológicos - 6 em cada 10 crianças no mundo (quase um bilhão) entre 2 e 14 anos são submetidas à punição física por seus responsáveis - Cerca de 120 milhões de meninas no mundo (praticamente 1 em 10) já vivenciaram algum tipo de violência sexual. Entre os meninos, por volta dos 4% afirmaram terem sido abusados em algum momento de sua vida - O número não é certo, mas é sabido que milhões de crianças são abusadas online – com imagens de conteúdo impróprio circulando na internet - As taxas de prevalência de violência sexual são acima de 10 por cento em todos os países da África Oriental e Austral com dados disponíveis, com exceção de Comores e Moçambique - Algumas pesquisas mostraram que entre 30 e 80 por cento das vítimas não divulgam experiências de abuso sexual na infância até a idade adulta - Pelo menos 1 em cada 10 meninas grávidas é vítima de violência física durante a gestação em seis países: Camarões, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Haiti e no Paquistão. Tela 7- O caso do Brasil O nosso país tem um índice bastante violento em relação ao assassinato de crianças e adolescentes (especialmente os negros – que ainda são as maiores vítimas). “Os homicídios de crianças e jovens no Brasil representam 10% de todo o mundo” (Maurício Santoro, Assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional). O Brasil possui disparidades impressionantes por idade e sexo também nas taxas de homicídios: entre crianças de 0 a 9 é abaixo de 1 por 100 mil, mas aumenta para 32 por 100 mil entre os adolescentes de 10 a 19 anos, com níveis de mais de 10 vezes maior entre os homens, em comparação com do sexo feminino (58 por 100 mil X 5 por 100 mil). Tanto em nosso país, como em outros cinco países da América Latina e do Caribe, os homicídios matam mais meninos adolescentes do que qualquer outra causa de morte, e muitos dos avanços feitos na mortalidade infantil e no nascimento são compensados por perdas devido ao homicídio na adolescência. Tela 8: Os 25 anos da Convenção para Direitos da Criança A Convenção criada no ano de 1989 assenta em quatro pilares fundamentais: • a não discriminação: o que significa que todas as crianças têm o direito de desenvolver todo o seu potencial, em todas as circunstâncias, em qualquer momento, em qualquer parte do mundo. • o interesse superior da criança deve ser prioritário em todas as ações e decisões que lhe digam respeito. • a sobrevivência e desenvolvimento sublinha a importância vital da garantia de acesso a serviços básicos e à igualdade de oportunidades para que as crianças possam se desenvolver plenamente. • a opinião da criança: o que significa que a voz da criança deve ser ouvida e levada em consideração em todos os assuntos sobre seus direitos. A Convenção contém 54 artigos, que podem ser divididos em quatro categorias de direitos: • os direitos à sobrevivência (ex. o direito a cuidados adequados) • os direitos relativos ao desenvolvimento (ex. o direito à educação) • os direitos relativos à proteção (ex. o direito de ser protegida contra a exploração) • os direitos de participação (ex. o direito de exprimir a sua própria opinião) mais especiais de notícias