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Mundo

Vídeo mostra violência entre budistas e muçulmanos em Mianmar

22 abr 2013 - 07h55
(atualizado às 08h01)
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A BBC teve acesso a imagens de vídeo que mostram policiais de Mianmar sem ação enquanto grupos de budistas atacam membros da minoria muçulmana na cidade de Meiktila, na região de Mandalay.

As imagens mostram uma multidão destruindo uma loja de ouro de propriedade de um muçulmano e ateando fogo a casas. Um muçulmano foi queimado vivo.

Os vídeos foram gravados no mês passado, quando dois dias de confrontos em Meiktila deixaram um saldo de 43 mortos.

As imagens foram divulgadas em meio às discussões na União Europeia sobre a suspensão definitiva das sanções internacionais contra Mianmar, em resposta à recente abertura política promovida pelo atual governo do país.

Acredita-se que apesar das preocupações sobre o tratamento dado às minorias no país, as sanções, levantadas provisoriamente no ano passado, devem ser suspensas definitivamente.

As sanções incluíam o congelamento de ativos de mais de mil companhias birmanesas, restrições à entrada das autoridades do país na União Europeia, e a proibição de investimentos europeus em várias áreas. Um embargo à venda de armas deve permanecer em vigência.

A suspensão das sanções é uma resposta à abertura promovida pelo governo do presidente Thein Sein, que chegou ao poder após eleições presidenciais em novembro de 2010. Seu governo libertou vários prisioneiros políticos e relaxou a censura.

Entre os libertados está a prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kiy, que ficou sob prisão domiciliar por muitos anos e hoje lidera a oposição pró-democracia, ainda com presença reduzida no Parlamento.

Acusações

Muitos grupos de defesa dos direitos humanos vêm advertindo que as sanções internacionais não deveriam ser suspensas até que o governo responda a questões como a violência contra os muçulmanos.

O vídeo dos confrontos em Meiktila expõem a violência de maneira até agora inédita. As imagens também são mais importantes por terem sido em sua maioria gravadas pela própria polícia, segundo informa o correspondente da BBC em Cingapura Jonah Fisher.

As imagens comprovam os testemunhos conhecidos até então.

A violência entre budistas e muçulmanos também eclodiu no ano passado em outra parte de Mianmar, no Estado de Rakhine, após o estupro e o assassinato de uma jovem budista em maio.

Confrontos em julho e outubro deixaram cerca de 200 mortos. Milhares de pessoas, em sua maioria membros da minoria muçulmana, fugiram de suas casas e permanecem refugiados.

Nesta segunda-feira, a organização internacional Human Rights Watch (HRW), baseada em Nova York, apresentou um relatório no qual dizia haver evidências claras de cumplicidade do governo com limpeza étnica e com crimes contra a humanidade contra muçulmanos no Estado de Rakhine.

A HRW acusou as forças de segurança de ficar apenas observando ou se de se juntar à multidão que atacou comunidades muçulmanas em nove cidades, destruindo vilarejos e matando moradores.

A organização disse ter descoberto quatro valas comuns no Estado e acusou as forças de segurança de tentar destruir as provas de seus crimes.

Porém as acusações foram rejeitadas por um porta-voz do governo de Rakhine, segundo a agência de notícias Associated Press.

Ele afirmou que os investigadores da HRW "não entenderam a situação no local" e disse que o governo não tinha conhecimento prévio dos ataques e enviou as forças de segurança para interromper os confrontos.

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