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Ucrânia tem dia de protestos contra e favor da Rússia

9 mar 2014 - 23h07
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Dezenas de milhares de pessoas foram para as ruas de várias cidades da Ucrânia deste domingo em manifestações contra e a favor da Rússia.

Partidários da presença russa no país entraram em confronto com oponentes na cidade de Sevastopol, na Crimeia.

Grupos pró-Rússia atacaram dezenas de pessoas que faziam uma manifestação para marcar os 200 anos do poeta nacional ucraniano Taras Shevchenko. Cerca de 200 pessoas participavam desta manifestação.

A multidão atirou bombas em um carro enquanto os ativistas tentavam fugir do local. De acordo com um repórter da BBC em Sevastopol, as cenas foram tensas.

Alguns dos que atacaram os ativistas eram cossacos russos com chicotes.

Na cidade de Luhansk, no leste, ativistas a pró-Rússia ocuparam escritórios do governo regional e obrigaram o governador a renunciar ao cargo.

Falando para uma multidão na capital, Kiev, o primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, prometeu não ceder "um único centímetro" de terras ucranianas para o governo russo.

Mas, o Ministério da Defesa do país informou que o governo não tem planos de enviar o Exército para a Crimeia.

Na cidade de Donetsk, no leste, manifestantes partidários da presença russa no país derrubaram uma bandeira ucraniana perto do prédio do governo regional, substituindo-a por uma bandeira russa.

Em Karkiv, também no leste, cerca de 10 mil pessoas participaram de uma manifestação pela união da Ucrânia.

Já no oeste da Crimeia, em Yevpatoriya, forças pró-Rússia ameaçaram invadir um posto de comando de uma unidade antimísseis ucraniana se os funcionários não entregarem as armas, segundo informações de um representante da base dadas à BBC.

Telefonemas e convites

O presidente americano, Barack Obama, convidou o primeiro-ministro interino ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, para uma visita à Casa Branca em Washington.

Correspondentes da BBC afirmam que este é um sinal claro de que o novo líder ucraniano conta com o apoio do governo americano.

Lideres da Alemanha e Grã-Bretanha ligaram neste domingo para o presidente russo, Vladimir Putin, pedindo para que ele se retire da Crimeia. A região deve votar na próxima semana em um plebiscito se continua como parte da Ucrânia.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que considera este plebiscito, que será realizado no dia 16 de março, ilegal.

No entanto, o governo da Rússia tem aumentado seu poder na península da Crimeia.

Putin afirma que ele tem o direito de proteger os interesses russos e os direitos dos russos que vivem na região.

Segundo Putin, "as medidas tomadas pelas autoridades legítimas da Crimeia são baseadas em leis internacionais".

A Crimeia, cuja maioria da população é russa ou de origem russa, está no centro da tensão entre Moscou e Kiev. Tropas pró-Rússia mantém o controle sobre a península há vários dias.

Começo da crise

A crise na Ucrânia começou em novembro de 2013 quando o governo do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych anunciou que havia abandonado um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia. Posteriormente o governo procurou uma aproximação maior com a Rússia.

Manifestantes contrários ao governo, que lutavam pelo fortalecimento das ligações da Ucrânia com a União Europeia, exigiram a renúncia de Yanukovych e eleições antecipadas.

A maioria da região da Crimeia, habitada por moradores que falam russo, tem grande importância política e estratégica tanto para a Rússia como para a Ucrânia.

A esquadra russa no Mar Negro tem sua base histórica na cidade de Sevastopol. Depois que a Ucrânia se tornou independente, um contrato foi elaborado para que a frota continuasse a operar de lá.

Em 2010, este contrato foi estendido para 2024 em troca de suprimentos mais baratos de gás russo para a Ucrânia.

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