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Ucrânia: Moscou não quer invasão, diz chanceler russo

Declaração ocorre poucas horas depois de os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos discutirem por telefone uma solução diplomática para a crise

29 mar 2014 - 11h36
(atualizado às 11h43)
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Lavrov: Rússia não tem intenção - nem interesse - de cruzar as fronteiras da Ucrânia.
Lavrov: Rússia não tem intenção - nem interesse - de cruzar as fronteiras da Ucrânia.
Foto: Reuters

Moscou não tem intenção de invadir a Ucrânia, afirmou neste sábado o chanceler russo, Sergei Lavrov.

A declaração ocorre poucas horas depois que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Barack Obama, discutiram por telefone uma solução diplomática para a crise.

De acordo com a iniciativa apoiada pelos Estados Unidos, a Rússia interromperia a escalada militar na fronteira com a Ucrânia e recolheria suas tropas.

Enquanto isso, o boxeador ucraniano e líder da oposição Vitaly Klitschko desistiu da corrida presidencial. Klitscho anunciou neste sábado que apoiaria o bilionário Petro Poroshenko nas eleições previstas para ocorrer em maio. A ex-premiê Yulia Tymoshenko afirmou que continua na disputa.

Ao comunicar sua desistência, Klitscho disse: "A única chance de ganharmos é nomearmos um único candidato das forças democráticas".

'Meios diplomáticos'

Em entrevista à TV estatal russa Rossiya 1, Lavrov afirmou que a Rússia "não tem nenhuma intenção”€ ou interesse de cruzar as fronteiras da Ucrânia".

Ele acrescentou que a Rússia está pronta para proteger "os direitos dos russos e da população russa na Ucrânia, usando todos os meios legais, diplomáticos e políticos disponíveis".

Ao fim da entrevista, Lavrov teria falado ao telefone com o secretário de Estado americano, John Kerry. Segundo autoridades russas, a ligação teria partido de Kerry.

Na noite de sexta-feira, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Barack Obama, conversaram por uma hora ao telefone. Segundo autoridades americanas, a chamada foi feita por Putin.

"O presidente Obama assinalou ao presidente Putin que os Estados Unidos continuarão a apoiar um caminho diplomático...com o objetivo de por fim à crise", informou a Casa Branca, em comunicado.

"O presidente Obama deixou claro que essa solução só será viabilizada se a Rússia retirar suas tropas e não tomar nenhuma outra decisão que viole a integridade territorial e a soberania da Ucrânia".

Os dois líderes concordaram que Lavrov e Kerry deverão se encontrar em breve para discutir os próximos passos da crise na Ucrânia.

A proposta dos Estados Unidos, concebida a partir de consultas com a Ucrânia e outros países europeus, inclui o fim da escalada militar na fronteira da Ucrânia, o envio de monitores internacionais à Crimeia para proteger os direitos da população russa, e o recuo das tropas russas às suas bases.

Segundo o Kremlin, Putin chamou a atenção de Obama para a "crescente violência dos extremistas" em Kiev e em outras regiões da Ucrânia.

O presidente russo também teria sugerido a seu homólogo americano examinar caminhos possíveis que a comunidade global poderia tomar para ajudar a estabilizar a situação, acrescentou o comunicado do governo da Rússia.

As movimentações das tropas russas na fronteira leste da Ucrânia - descrita pela Otan como "uma forte escalada militar" - vêm alimentando os temores de que o interesse de Putin na Ucrânia não estaria limitado à Crimeia.

O editor da BBC para a América do Norte, Mark Mardell, afirmou que a conversa telefônica entre os presidentes russos e americano na noite de sexta-feira pode indicar uma tentativa de progresso rumo a uma solução diplomática, em meio a especulações no Ocidente de que a Rússia poderia invadir o leste da Ucrânia.

Em resposta às investidas de Moscou na Crimeia, Estados Unidos e aliados impuseram sanções aos membros do círculo político de Putin, além de ameaçar penalizar a economia russa.

A Rússia anexou formalmente a Crimeia após um referendo em que 97% dos eleitores votaram a favor da incorporação da região autônoma à Rússia.

Kiev e o Ocidente classificaram a votação como "ilegal".

O referendo ocorreu meses depois de violentos protestos nas ruas das principais cidades ucranianas, que levaram à deposição do então presidente do país, Viktor Yanukovych, um antigo aliado de Moscou, em fevereiro.

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