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Ucrânia constrói novo sarcófago sobre a usina nuclear de Chernobyl

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A Ucrânia iniciou nesta quinta-feira a construção do sarcófago que deve garantir no próximo século a segurança do quarto reator da usina nuclear de Chernobyl, palco em 1986 da maior catástrofe atômica da história.

"Em nome da Ucrânia expresso meu profundo agradecimento aos países doadores pela sua compreensão e apoio à Ucrânia para superar a maior catástrofe da história de humanidade", afirmou Viktor Yanukovich, presidente da Ucrânia.

Yanukovich e os representantes dos 21 países doadores foram nesta quinta às imediações da fatídica planta por ocasião dos 26 anos do acidente para colocar a primeira pedra do projeto, a 180 metros do quarto reator.

"Chernobyl continua sendo uma tragédia e ainda é possível percebê-la. Por isso, não deixamos de nos preocupar com a segurança do sarcófago sobre o destruído quarto reator", diz a mensagem à população dirigida pelo Presidente ucraniano.

Yanukovich destacou que o novo sarcófago que cobrirá o cubo de concreto e aço construído pelos soviéticos em 1986 "não tem análogos no mundo".

"Ucrânia sente o ombro amigo da maioria dos países do mundo", assinalou, em alusão a que a comunidade internacional - a União Europeia, EUA, Rússia e Japão, entre outros - fornecerá a maior parte dos mais de 1 bilhão de euros necessários para o sarcófago.

Como informou nesta quinta o Ministério de Situações de Emergência, o novo sarcófago com forma de arco tem como "função principal conter a propagação de substâncias radioativas".

As obras de construção do mecanismo que deve garantir a segurança do reator pelo próximo século se prolongarão até 2015, garantiu Viktor Baloga, titular de Emergências.

O atual cubo de concreto, que foi construído pelos soviéticos, está cheio de fendas de até cem metros e buracos por onde verte água radioativa, por isso que a necessidade de uma nova cobertura é urgente, revelou a ONG ambientalista Greenpeace.

Com tudo, o atual sarcófago não será desmanchado por enquanto por motivos de segurança, já que existe o temor de que ocorram fugas radioativas.

Em setembro de 2007, o consórcio francês Novarka assinou contrato para construir a obra depois de vencer o concurso internacional convocado por Kiev. A obra acabou tendo o início adiado por vários anos por falta de recursos.

O novo sarcófago será de metal, terá forma de arco, comprimento de 257 metros, largura de 150 e altura de 108.

O arco foi ser construído em uma área que fica a 180 metros da central, depois será empurrado sobre barras de metal até colocá-lo sobre o bloco que cobre atualmente o quarto reator.

O arco terá uma superfície de 40 mil metros quadrados, similar a quatro campos de futebol, e abrigará equipes especiais para a retirada do combustível nuclear e seu armazenamento seguro.

As primeiras estruturas metálicas destinadas ao segmento central do arco já foram transferidas a partir da Itália.

Uma vez construído o arco, será possível desmontar a antiga proteção, cujos restos serão armazenados junto ao combustível nuclear em outra instalação que já está sendo construída nas imediações.

Recentemente, Yanukovich garantiu durante uma visita a Seul que a Ucrânia está disposta a compartilhar seus conhecimentos e experiência com o Japão na hora de superar as consequências do acidente na usina nuclear de Fukushima em março de 2011.

O primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azarov, defendeu há poucos dias a recuperação das localidades - 30 ainda estão povoadas - e os territórios afetados pelo desastre nuclear.

Chernobyl, em cuja zona de exclusão de 30 quilômetros os níveis de radiação são várias vezes superiores ao permitido pela legislação, foi fechada no ano 2000, mas ainda tem combustível nuclear, por isso os ecologistas consideram a mesma uma ameaça latente.

As autoridades ucranianas advertem que os reatores 1, 2 e 3 da central contêm combustível nuclear, por isso que o risco da radiação está muito presente.

Pelas avaliações oficiais, a explosão ocorrida na madrugada de 26 de abril de 1986 no quarto reator da central de Chernobyl espalhou até 200 toneladas de material com uma radioatividade de 50 milhões de curies, equivalente a 500 bombas atômicas como a lançada em Hiroshima.

A radiação continua afetando milhares de habitantes de Belarus, Ucrânia e Rússia, onde ficam 70% dos quase 200 mil quilômetros quadrados de terrenos contaminados.

EFE   
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