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Mundo

Tunísia decreta estado de emergência em todo o país

14 jan 2011 - 14h20
(atualizado às 16h24)
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O presidente tunisiano, Zine Al-Adidine Ben Ali, decretou nesta sexta-feira estado de emergência em todo o país, com toque de recolher entre 18h e 6h, acompanhado da proibição de reuniões na via pública e autorização às forças da ordem de disparar contra qualquer "suspeito" que resistir às ordens. Pouco antes, Ben Ali havia dissolvido o governo e convocado eleições legislativas antecipadas.

Manifestantes cercam o ministério do Interior, na capital Túnis; governo declarou estado de emergência
Manifestantes cercam o ministério do Interior, na capital Túnis; governo declarou estado de emergência
Foto: AFP

Durante o dia, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes que pediam a renúncia do presidente em Túnis. Fontes médicas anunciaram a morte de 13 civis na quinta-feira. Milhares de pessoas saíram às ruas da capital tunisiana e outras cidades do país para pedir a saída do presidente, apesar do discurso que Zine El Abidine Ben Ali fez na véspera na tentativa de diminuir a tensão em seu país.

Em função das violências registradas no país, o embaixador da Tunísia ante a Unesco, Mezri Hadad, apresentou nesta sexta sua renúncia ao presidente, vários dias depois de ter pedido a ele que "detivesse o banho de sangue contra os manifestantes". A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navy Pillay, pediu na quarta-feira ao governo da Tunísia a realização de investigações "independentes" sobre o "uso excessivo" da força por parte de seus serviços de segurança.

Pedido
O presidente tunisiano pediu na quinta-feira à força pública que não continue atirando contra os manifestantes e anunciou que não aspira a disputar um novo mandato em 2014, esperando assim apaziguar a onda de protestos sem precedentes contra o seu regime.

O discurso foi bem acolhido pelos diferentes componentes da oposição que tem sido perseguida durante os 23 anos de Ben Ali no poder. Mesmo assim, dois civis morreram por tiros da polícia na cidade de Kairuan, no centro do país, no momento em que o presidente pronunciava seu um discurso.

O ministro de Relações Exteriores, Kamel Morjane, por sua vez, afirmou esta sexta-feira que um governo de unidade nacional em seu país "é possível e até seria normal", em declarações à rádio francesa Europe 1. "Com o comportamento de pessoas como Nejib Chebi (opositor), acho que é possível, até seria totalmente normal", declarou o ministro por telefone.

Chebi é o líder histórico do Partido Democrático Progressista (PDP), um grupo opositor autorizado na Tunísia, mas que não tem representação no Parlamento. Tumultos de origem social sacodem a Tunísia há quatro semanas, deixando 21 mortos, segundo as autoridades, e mais de 50, segundo fonte sindical.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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