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The Villages, a surpreendente cidade que mais cresce nos EUA

28 ago 2015 - 08h41
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A cidade que mais cresce nos Estados Unidos não está cheia de edifícios altos nem viadutos - e o mais provável é que você nunca tenha ouvido falar dela.

Comunidade de aposentados é área metropolitana com maior crescimento nos EUA
Comunidade de aposentados é área metropolitana com maior crescimento nos EUA
Foto: BBC Mundo

The Villages, para muitos, reflete como será a realidade futura americana, uma sociedade com presença cada vez mais marcante de pessoas idosas. Aqui há mais carros de golfe do que automóveis, os restaurantes fecham cedo e ter 55 anos é requisito indispensável para ser morador.

Localizada na região central da Flórida, a cidade tem crescido desenfreadamente desde sua criação, em 1972, como um vilarejo residencial exclusivamente para aposentados.

Paraíso tropical

Mark Woodland trabalhou como DJ na Filadélfia por 35 anos. Há alguns anos vive em The Villages.

A BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, o encontrou logo de manhã em um dos extensos campos de esporte da cidade, com dezenas de amigos, todos orgulhosos membros do clube de aeromodelismo.

"A gente aqui é muito amigável. Trabalhamos muito a vida toda e estamos aqui para relaxar, dedicar tempo para nós mesmos", diz, enquanto opera um sofisticado avião de controle remoto.

O barulho da frota de aeronaves em miniatura é o único que se ouve nesta cidade de grama minimamente cortada e aparência quase antisséptica.

Carros, aqui, só os de golfe, o meio de transporte quase universal para seus moradores. The Villages é o maior concessionário deste tipo de veículo nos EUA - e possivelmente no mundo. Cada um custa entre US$ 10 mil e US$ 20 mil.

"Vendemos cerca de 3 mil ao ano", disse Joe Morreale, gerente de vendas do local. "De 2009 para cá, dobramos nossas vendas".

Não é barato viver aqui. E a composição demográfica indica que quase não há negros e latinos entre os moradores.

Até o futuro

The Villages é a área metropolitana com a maior expansão populacional nos EUA, segundo o censo. Cresce a uma taxa anual de 5,4%, quase o dobro de Myrtle Beach, na Carolina do Norte, que tem o segundo maior ritmo de crescimento no país.

Sua população é de 114 mil pessoas. Há 25 anos era praticamente um pântano deserto.

Se manter a tendência atual, deverá crescer exponencialmente nas próximas décadas, com o avanço do envelhecimento do país.

Todos os dias, 10 mil pessoas chegam à idade de aposentadoria, de 65 anos, nos EUA. E vender casas em cidades para aposentados tornou-se um negócio espetacular.

O empresário Gary Morse, o cérebro atrás da ideia de The Villages, ficou rico com esta "Disney para idosos". Sua fortuna era estimada em mais de US$ 2 bilhões em 2014, ano de sua morte.

A cidade atrai pessoas de todo o país - e seus moradores parecem estar contentes nesta utopia urbana para aposentados. Não há mendigos, lixo, pobres nem gente jovem nas ruas.

"Adoro, é um sonho para os extrovertidos", disse Mary Landholt enquanto ensaiava para um baile nostálgico dos anos 40.

Originalmente de Omaha, no Estado do Nebraska, ela passa seu tempo em um clube de danças na cidade. Se diverte ao som de samba ou música típica americana com dezenas de amigas.

Política ou não?

Não há prefeito nem governo eleito - The Village é uma propriedade privada.

A empresa que construiu a cidade supervisiona todos os aspectos cívicos - alguns críticos dizem que ela também tenta influenciar a vida política. A administração negou pedido de entrevista da BBC Mundo.

Morse, seu fundador, era um conhecido simpatizante e doador a causas do Partido Republicano. E The Villages é parada obrigatória para qualquer aspirante do partido à Casa Branca, devido aos milhares de eleitores num Estado crucial como a Flórida.

Por outro lado, a imprensa local cita alguns democratas que se dizem não aceitos quando expressam publicamente suas preferências ideológicas nesta comunidade conservadora.

Em todo caso, é provável que muitos de seus moradores não tenham tempo para pensar em política em meio às centenas de atividades recreativas organizados pela empresa ou por eles mesmos para aproveitar os "anos dourados".

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