Talebã confirma morte de mulá Omar e elege sucessor
O grupo radical Talebã nomeou um sucessor ao seu líder, mulá Omar, que comandou o movimento por duas décadas e cuja morte foi oficialmente confirmada nesta quinta-feira.
Segundo fontes próximas à liderança talebã, Omar será substituído por seu vice, o mulá Akhtar Mansour.
Especialistas dizem que a sucessão deve dividir os militantes do grupo: muitos membros de alto escalão rejeitam Mansour por este defender diálogos de paz e por acreditarem que o novo líder foi imposto aos rebeldes por uma única ala do Talebã.
O comunicado do Talebã não deixou claro quando e em quais circunstâncias ocorreu a morte de Omar - apenas informou que ele morreu de uma doença e que ele permaneceu no Afeganistão desde a invasão americana, em 2001.
A informação conflita com a versão dada pelo governo do Afeganistão, segundo o qual Omar teria morrido em um hospital na cidade paquistanesa de Karachi dois anos atrás. Já o Paquistão sempre negou que ele estivesse em seu território.
A morte se tornou um entrave nos diálogos de paz entre o Afeganistão e os insurgentes. Uma segunda rodada de negociações prevista para esta sexta-feira foi adiada.
O Paquistão, que seria o mediador do processo, disse que o adiamento foi solicitado pela liderança do Talebã em meio às incertezas quanto à morte de Omar.
O novo líder
O mulá Mansour já é considerado, há tempos, o líder interino do Talebã.
Trata-se apenas da segunda pessoa a liderar o grupo: o mulá Omar fundou o Talebã durante a guerra civil afegã, no início dos anos 1990, e o comandava desde então.
Sua aliança com o então líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, levou à invasão liderada pelos EUA em 2001.
Ele vivia escondido desde então. Acredita-se que ele não tivesse envolvimento significativo no dia a dia do grupo, mas continuava sendo uma figura-chave no Talebã.
O fracasso do grupo em provar que o mulá Omar permanecia vivo foi um grande fator por trás da deserção de diversos membros de alto escalão do Talebã ao grupo autodenominado "Estado Islâmico", explica o ex-correspondente da BBC em Cabul, David Loyn.
Agora, segundo fontes, o vice de Mansour será Siraj Haqqani, líder de outro importante grupo militar afegão, a rede Haqqani, e procurado pelos EUA com uma recompensa de US$ 10 milhões.