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Sudão do Sul vota independência em referendo histórico

Os sudaneses do Sul compareceram em massa às urnas neste domingo, primeiro dia de votação do histórico referendo, esperado há mais de 50 anos, que deve levar à divisão do maior país do norte da África, entre o Norte, muçulmano, e o Sul, cristão.

9 jan 2011 - 19h32
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JUBA, Sudão, 9 Jan 2011 (AFP) -Os sudaneses do Sul compareceram em massa às urnas neste domingo, primeiro dia de votação do histórico referendo, esperado há mais de 50 anos, que deve levar à divisão do maior país do norte da África, entre o Norte, muçulmano, e o Sul, cristão.

O presidente americano, Barack Obama, e sua secretária de Estado, Hillary Clinton, apoiaram a iniciativa.

"Os Estados Unidos estão completamente comprometidos em ajudar as partes para resolver as questões críticas após o referendo, seja qual for o resultado da votação", afirmou Obama.

Por sua vez, Hillary Clinton qualificou de "bem-sucedido" o início do referendo sobre a secessão do Sudão, o que representa "um passo histórico" em direção à paz.

Vários atos de violência ofuscaram o ambiente festivo deste primeiro dia de votação.

Pelo menos oito pessoas morreram em confrontos entre tribos rivais na disputada região de Abyei, situada na fronteira entre o Norte e o Sul do país. Também foram registrados conflitos entre rebeldes e soldados do Sul do Sudão em uma região petroleira fronteiriça, mas não há informações sobre vítimas.

Em Juba, capital do Sudão do Sul, a participação foi muito grande e se formaram longas filas em frente aos colégios eleitorais, a maioria dos quais fechou às 17H00 local (12H00 de Brasília). Entretanto, vários centros permaneceram abertos por mais uma hora para receber os eleitores, segundo jornalistas da AFP.

"É o momento histórico pelo qual os sudaneses do sul tanto esperavam", declarou Salva Kiir, presidente da região semiautônoma do Sudão do Sul.

Aproximadamente quatro milhões de sudaneses, residentes no Sudão do Sul, mas também no norte e no exterior, foram convocados às urnas para decidir se o país deve permanecer unido ou separar-se, o que questionará as fronteiras herdadas da colonização ocidental na África.

A votação se estenderá por uma semana, até o dia 15 de janeiro.

"É um novo dia, porque votamos por nossa liberdade. Combatemos durante muitos anos, mas hoje este voto pela separação é também um voto pela paz. O sol nascerá logo em um Sudão do Sul livre", declarou Wilson Santino, um eleitor.

As mesas de votação também funcionavam em Cartum, metrópole do norte do Sudão. Filas, no entanto, não havia: vivem no norte atualmente apenas 115.000 sudaneses do sul.

"Este é o começo de um novo capítulo na história do Sudão, um capítulo muito importante. Estou muito esperançoso. Foi formidável ver Salva Kiir votar hoje. É o auge de negociações difíceis; muitos obstáculos precisaram ser vencidos", destacou o senador americano John Kerry, que participa do referendo como observador.

O referendo é também a principal realização do acordo de paz que pôs fim a mais de duas décadas de guerra civil entre norte e sul, assinado em 2005.

"Se o sul se tornar independente, haverá muito trabalho a fazer, porque será o nascimento de um novo país. O norte e o sul podem contar com nosso apoio", afirmou por sua vez Scott Gration, enviado especial dos Estados Unidos, que também acompanha a abertura das mesas de votação em Juba.

Os dois políticos americanos trabalham na companhia de outro célebre compatriota, o ator George Clooney.

"É fantástico. Hoje é um grande dia para o mundo inteiro", disse o astro de Hollywood.

No sábado, Salva Kiir defendeu uma "coexistência pacífica" entre norte e sul, depois que combates nas regiões de fronteira obscureceram na véspera os preparativos para o referendo.

Por sua vez, na região de Darfur, no oeste do Sudão, um sudanês que trabalhava para a ONG Care International foi assassinado na sexta-feira, informaram neste domingo os capacetes azuis da missão de paz da ONU e a União Africana.

gl/ap/ma

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