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Sudão: Clooney acompanha referendo e diz ser estraga-prazeres

9 jan 2011 - 16h17
(atualizado às 22h58)
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O ator americano George Clooney, que está no Sudão para acompanhar os trabalhos do referendo de secessão do Sudão do Sul, disse em entrevista à AFP que se sente um "estraga-prazeres" por alertar as pessoas sobre o risco de uma nova onda de violência no país, em meio à alegria que tomou conta da população por causa do esperado pleito.

George Clooney acompanha referendo do Sul do Sudão:

Ele também afirmou que, apesar de alguns possíveis percalços, a votação do referendo que começa neste domingo resultará no nascimento de uma nova nação.

"Irá funcionar e será um novo país formado. Isso é uma coisa incrível", disse Clooney em entrevista na capital do sul do Sudão, Juba.

O ator e ativista de direitos humanos chegou na quinta-feira em Juba, em uma demonstração de apoio à empobrecida região, que ainda se recupera de décadas de guerra, após o lançamento de um projeto de mapeamento com o Google destinado a impedir os abusos no Sudão.

O "Satellite Sentinel Project" é projetado para combinar imagens de satélites e relatórios de campo para monitorar a instável região de fronteira do Sudão durante o referendo.

Cerca de 3,9 milhões de sulistas se registraram para votar no referendo, que é um elemento-chave do acordo de paz de 2005 (CPA), que terminou com 22 anos de guerra civil norte-sul, na qual cerca de dois milhões de pessoas morreram.

O acordo também estabelecia que a disputada região fronteiriça de Abyei deveria ter seu destino decidido simultaneamente, se deveria fazer parte do norte ou se juntaria ao potencialmente independente sul.

Mas essa votação foi adiada por tempo indeterminado, já que as partes não chegaram a um acordo para decidir sobre quem teria direito a voto.

Em Abyei "há duas tribos, os Misseriya e os Ngok Dinka, que se opõem... Se começar a criar faíscas e uma dessas duas tropas (do norte ou sul) se mover, quebrando o acordo CPA, então se inicia uma guerra norte-sul", disse Clooney.

"Então é por isso que somos uma espécie de gambá na sala", acrescentou o ator de 49 anos, que também esteve envolvido na conscientização sobre a situação de Darfur, região do oeste do Sudão devastada por uma guerra.

Quando perguntado se gostaria de dar um soco ou falar com o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, indiciado por genocídio em Darfur pelo Tribunal Penal Internacional, Clooney disse que iria levá-lo até sua casa e convidar alguns membros do TPI para jantar.

"Veremos o que acontece", disse ele. "Eu gostaria que ele saísse de seu casulo protegido".

O ator afirmou que as pessoas que o criticam por seu trabalho humanitário devem apenas se afastar.

"Se eles não gostam do que estamos tentando fazer, então que saiam do caminho, eu não me importo", disse ele.

"Tentamos salvar a vida de algumas pessoas. Se formos bem sucedidos, que bom, se não formos, nós tentamos. Eu não vejo um lado ruim nisso".

Perguntado sobre porque tão poucos filmes são feitos sobre a África, o ator afirmou que é muito difícil encontrar um bom roteiro sobre temas tão espinhosos como Darfur.

"Nós recebemos roteiros o tempo todo sobre problemas em Darfur, no Sudão, mas precisam ser bons roteiros para que possamos fazê-los", disse o ator.

"Eu sei que soa como uma piada, mas eles são realmente difíceis de encontrar", acrescentou Clooney.

Os preparativos para o referendo deste domingo foram elogiados por diplomatas visitantes em meio a promessas de cooperação por parte dos líderes do norte e do sul do Sudão.

Mas as comemorações no sul, que deve escolher a independência, foram marcadas por confrontos no sábado entre o Exército do Sudão do Sul e milícias rivais no estado Estado petroleiro de Unity.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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