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Síria arremete contra países árabes após receber sanções

A Síria criticou nesta segunda-feira a Liga Árabe, a qual acusa de ignorar a presença de "terroristas" no país, impondo sanções por conta de uma sangrenta repressão da revolta pelas forças de segurança que, segundo uma investigação da ONU, cometeram crimes

28 nov 2011 - 15h30
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DAMASCO, 28 Nov 2011 (AFP) -A Síria criticou nesta segunda-feira a Liga Árabe, a qual acusa de ignorar a presença de "terroristas" no país, impondo sanções por conta de uma sangrenta repressão da revolta pelas forças de segurança que, segundo uma investigação da ONU, cometeram crimes contra a humanidade.

A Síria acusou nesta segunda-feira a Liga Árabe de ignorar a presença de "terroristas" no país e de impor sanções pela repressão, a qual deu lugar, segundo a ONU, a crimes de lesa-humanidade, em relatório produzido pelo diplomata brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.

O ministro de Relações Exteriores sírio, Walid Mualem, criticou a Liga por se negar a reconhecer a presença na Síria de "grupos terroristas" responsáveis, segundo Damasco, pela violência no país.

"Os árabes não querem reconhecer a presença na Síria de grupos terroristas armados que cometem crimes, sequestros e ataques contra os locais públicos", disse. "Não reconhecem sua presença e acusam o exército sírio de cometer crimes", completou em coletiva de imprensa em Damasco.

No domingo, a Liga Árabe adotou sanções econômicas severas contra a Síria para obrigá-la a cessar a sangrenta repressão da revolta contra o regime de Bashar al Assad.

Trata-se das primeiras sanções econômicas de tal magnitude da Liga Árabe contra um de seus membros.

Dezenas de milhares de pessoas se reuniram nesta segunda-feira em Damasco para denunciar estas sanções, constatou um jornalista da AFP.

"Ao decidir pelas sanções, a Liga Árabe fechou todas as portas à Síria e, como sabem, alguns membros da Liga forçam a internacionalização" do conflito, declarou Mualem.

Segundo ele, seu país já retirou a quase totalidade de seus bens dos países árabes. "A Síria retirou entre 95% e 96% de seus bens dos países árabes", disse Mualem.

"As medidas adotadas pela Liga Árabe mostram sua intenção de forçar a escalada (das tensões) com a Síria", completou.

Também nesta segunda-feira, a Liga instou a Síria a aceitar seu plano de saída da crise que prevê o envio de observadores a este país, o que permitiria reexaminar as sanções contra Damasco.

Investigadores designados pelas Nações Unidas afirmaram em um relatório publicado nesta segunda-feira em Genebra que militares e forças de segurança da Síria cometeram crimes de lesa-humanidade durante a repressão das manifestações contra o regime.

"Foram cometidos crimes de lesa-humanidade em diversas regiões da Síria durante o período examinado", afirmaram os três membros da Comissão Independente de Investigação sobre a Síria, considerando que as forças de segurança e o Exército eram responsáveis por esses atos.

As forças do regime assassinaram, violaram e torturaram manifestantes desde que começaram os protestos, em março deste ano, de acordo com as provas reunidas por essa comissão.

O painel entrevistou 223 vítimas e testemunhas, entre os quais havia desertores das forças de segurança, que receberam ordens de disparar para matar com o objetivo de conter as manifestações, e apontaram casos de crianças que foram torturadas até a morte.

Esses depoimentos mostram que foram cometidas "execuções sumárias, prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados, torturas, algumas das quais com violências sexuais, assim como violações aos direitos das crianças". Desde o início dos protestos, cerca de 3.500 pessoas morreram na Síria.

rm/sk/hkb/lb

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