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Serra busca reviravolta difícil em Minas, o "Ohio brasileiro"

28 out 2010 - 15h50
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Qualquer chance de José Serra (PSDB) conseguir uma virada dramática e vencer a eleição em 31 de outubro parece depender de Minas Gerais, Estado que é às vezes chamado de "Ohio brasileiro" porque, como o Estado norte-americano, é um termômetro preciso do vencedor de eleições presidenciais.

Desde que a democracia retornou ao Brasil em 1985, após duas décadas de regime militar, todos os eleitos venceram em Minas Gerais.

O Estado tem cerca de 14,5 milhões de eleitores, pouco menos que um décimo do total nacional, e representa uma mistura grande do Brasil —as criações de gado, uma capital do agronegócio e parte árida como o Nordeste do país.

Integrantes do PSDB de Serra apontaram Minas como maior potencial de mudança de voto em favor do tucano, que pode ajudar a tirar a vantagem de dois dígitos detida atualmente por Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de opinião.

Mas a dura realidade, dizem líderes tucanos e petistas, é que a maioria esmagadora dos eleitores já parece ter tomado sua decisão, o que é uma má notícia para Serra.

"Estamos nos esforçando muito... (mas) não sei se tem muito espaço para o Serra ainda crescer em Minas", disse o ex-governador mineiro e senador eleito pelo PSDB no Estado, Aécio Neves, à Reuters.

Assim como em outros locais, a maioria dos eleitores parece convencida pelo recente sucesso econômico do Brasil e muitos afirmam confiar que Dilma, ex-ministra-chefe da Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, continuará as políticas atuais.

Os sinais de prosperidade estão em todos os lugares de Belo Horizonte, a capital mineira. Canteiros de obras, restaurantes e hotéis parecem rugir por conta do barulho do dinheiro sendo gerado.

"Os tempos nunca foram tão bons. Não precisa mudar nada no Brasil", disse Dahlia Eco, que estava na cidade para uma convenção de suinocultores.

MONTANHA ALTA DEMAIS PARA SER ESCALADA

Serra e Dilma irão para Minas Gerais às vésperas da eleição, e a petista planeja um evento final em Belo Horizonte no sábado, um "carnaval eleitoral", segundo organizadores.

"Minas reflete o eleitorado nacional em termos de comportamento. Se vencer aqui, certamente terá vencido no Brasil", disse o governador reeleito Antonio Anastasia (PSDB).

No primeiro turno, Dilma ficou com 47 por cento dos votos em Minas, contra 30 por cento de Serra, um reflexo quase idêntico ao resultado apurado nacionalmente.

Não é difícil imaginar como Serra poderia ter vencido no Estado. Anastasia foi reeleito com 28 pontos percentuais de vantagem e Minas está cheia de eleitores da classe média, que historicamente desconfiaram do PT.

Ainda assim, muitos eleitores parecem não ter simpatizado com Serra.

Autoridades dos dois partidos disseram à Reuters que suas pesquisas diárias internas mostram que Serra segue atrás de Dilma, e que houve pouca mudança nos últimos 10 dias, não somente em Minas Gerais, mas em todo o Brasil.

"Antes, você saía e falava com as pessoas e elas escutavam. Ultimamente, ou elas te fazem sinal de positivo ou te xingam", disse Miguel Correa, depurado federal pelo PT.

Dilma tem as chances mais óbvias de crescimento em Minas que, é seu Estado natal. Embora ela tenha passado a maior parte de sua carreira política no Rio Grande do Sul, Dilma nasceu em Belo Horizonte e foi militante de esquerda em uma universidade local na década de 1960.

Mais de um terço dos moradores do Estado ainda não sabem disso, especialmente os mais pobres, menos escolarizados, que é exatamente a base da petista, segundo o ex-prefeito da capital mineira Fernando Pimentel (PT), aliado próximo de Dilma.

"Quando as pessoas descobrirem que a Dilma é mineira, vai ser impossível (para Serra)", disse Pimentel.

Mesmo se Serra reduzir a diferença, ele ainda está bem atrás de Dilma em regiões-chave do Brasil, como o Nordeste, onde os programas sociais de Lula ajudaram mais as pessoas.

Aécio, que muitos apontam que disputará a Presidência algum dia, afirma que "o local em que parece que mais temos espaço para crescer é o Estado de São Paulo".

No primeiro turno, em seu Estado natal, Serra venceu, mas apenas por 3 pontos de diferença: 40,66 por cento a 37,31 por cento dos votos válidos.

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