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Mundo

Seis pontos ainda complicados na relação entre EUA e Cuba

21 mar 2016 - 15h13
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Obama e Raul em encontro no ano passado, na ONU
Obama e Raul em encontro no ano passado, na ONU
Foto: Getty / BBC News Brasil

A visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à Cuba está sendo vista como um passo importante em direção à normalização completa das relações entre EUA e Cuba após décadas de hostilidade.

Mas apesar do alvoroço da visita e após meses de reuniões de alto nível, ainda há muitos assuntos importantes impedindo os países de restabelecer inteiramente seus laços.

Embargo

O embargo à Cuba foi a reação de Washington ao confisco de bens americanos após a revolução de 1959. Foi um ponto de tensão constante entre os países por décadas.

Cuba disse que levantar o embargo é necessário para estabilizar os laços. Mas esta decisão não está nas mãos de Obama, já que precisa ser aprovada pelo Congresso americano, controlado pelos republicanos, que se opõem ao levantamento do embargo antes que Cuba faça movimentos significativos em direção à democratização.

Diretos Humanos

Os EUA insistiram que gostariam de ver melhorias na questão dos direitos humanos em Cuba e o fim da prisão de dissidentes políticos. Mas Cuba diz que vê direitos humanos de foma diferente e aponta a oferta de saúde universal e educação como exemplo da forma como protege os direitos de seus cidadãos.

Os EUA também querem que Cuba se afaste do sistema de partido único mas o governo cubano diz que quer reconhecimento pelo que vê como uma "democracia participativa" de partido único.

Lei de Ajuste Cubano

Em 1966 os EUA implementaram a Lei do Ajuste Cubano, que dá a cubanos um caminho mais rápido para obter residência permanente nos EUA. Cuba diz que isso é um vestígio da Guerra Fria que precisa acabar e já pediu o fim da lei diversas vezes, pois ela causaria a perda de vidas no mar e tráfico de pessoas.

Também argumenta que as políticas de migração americanas têm sido usadas como arma política contra a revolução.

Base naval americana em Guantánamo

Havana e Washington não conseguiram um acordo sobre a base de Guantánamo, que ganhou notoriedade após os ataques de 11 de Setembro, quando os EUA construíram ali um centro de detenção para suspeitos de terrorismo.

A base tem 45 milhas quadradas e está "alugada" de Cuba desde 1903, após os EUA ajudarem Cuba a ganhar independência da Espanha. Foi alugada por U$ 4.085 por ano e, de acordo com Fidel Castro os cheques, que Cuba considerava um insulto, não foram descontados desde a revolução.

Havana pede a devolução do território diversas vezes. Em 2015, o presidente Raúl Castro disse que o retorno do território "legalmente ocupado" seria "indispensável" em qualquer normalização de laços com os EUA. Os EUA nunca indicaram ter planos para fechar a base naval.

Países não chegaram a acordo sobre base de Guantanamo
Países não chegaram a acordo sobre base de Guantanamo
Foto: Getty / BBC News Brasil

Mídia

Raúl Castro criticou fortemente a Radio e TV Marti, emissora baseada em Miami e financiada pelos EUA, classificando-a como um grande impedimento para a normalização completa das relações. Cuba interfere em sinais de transmissão mas a Radio Marti, em particular, alcança ouvintes na ilha com seu noticiário 24 horas.

Os EUA argumentam que as emissoras oferecem aos cubanos acesso a notícias e informações das quais eles são privados devido aos rígidos controles das autoridades cubanas sobre a mídia.

Relações internacionais

Cuba também criticou a oposição de Washington ao governo da Venezuela, descrevendo a atitude americana como interferências em assuntos domésticos de um de seus maiores aliados. E os EUA também veem os vínculos de Cuba com outros governos esquerdistas da América Latina, como o da Bolívia, como um problema.

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