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Repressão sem trégua e novo atentado em Damasco

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DAMASCO, 28 Jun 2012 (AFP) -A violência e a repressão contra a revolta na Síria prosseguiam nesta quinta-feira, com um novo atentado em Damasco, a dois dias de uma reunião internacional sobre um conflito que se anuncia difícil devido à persistente recusa da Rússia em aceitar uma solução externa.

Enquanto isso, após a perda de um de seus aviões de combate abatido pela Síria, a Turquia enviou um comboio de veículos militares e de uma bateria de mísseis terra-ar para a fronteira síria, segundo a imprensa turca.

A Turquia agirá "com determinação" e "dentro da lei internacional" no caso do avião abatido pelo Exército sírio, declarou o Conselho Nacional de Segurança turco.

No centro de Damasco, um atentado a bomba no estacionamento do Palácio de Justiça deixou três feridos nesta quinta-feira, informaram os meios de comunicação estatais, que atribuíram os atos a "terroristas".

Na quarta-feira, um ataque contra o canal oficial Al-Ikhbariya, perto de Damasco, matou sete pessoas.

Segundo uma fonte policial, duas bombas presas a dois veículos de magistrados foram detonadas no estacionamento.

Após este novo atentado, os Estados Unidos consideraram que o presidente sírio, Bashar al-Assad, é o principal responsável pela violência em seu país.

Os bombardeios das tropas do governo e os intensos combates entre soldados e rebeldes deixaram nesta quinta pelo menos 91 mortos, incluindo 59 civis, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Na quarta-feira, 149 pessoas perderam suas vidas em um dos dias mais violentos desde o início da contestação ao regime, no dia 15 de março de 2011.

Centenas de pessoas, em sua maioria civis, incluindo mulheres e crianças, morreram nas últimas semanas, de acordo com ativistas.

Os bombardeios se concentram nos redutos rebeldes de Homs (centro), Deir Ezzor (leste), Douma, perto de Damasco, e Idleb (noroeste), defendidas de maneira intensa pelos insurgentes em meio a uma situação humanitária dramática.

Mais de 15.800 pessoas, a maioria civis, morreram em 15 meses.

As agências humanitárias da ONU e as ONGs parceiras lançaram um novo apelo urgente para a ampliação dos recursos destinados à ajuda aos refugiados sírios no Líbano, na Turquia, na Jordânia e no Iraque. Eles são estimados em 155 milhões de euros.

Desde março, 500 novos refugiados são registrados todos os dias, o que eleva hoje, segundo o Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), o número de pessoas assistidas a 96.000.

Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores sírio, citada pela agência Sana, acusou os "grupos terroristas armados" de terem causado o fracasso da "quinta tentativa de retirada de feridos, doentes, e crianças" de Homs (centro).

"O governo sírio ofereceu ao CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha) e ao Crescente Vermelho sírio todas as facilidades para a sua evacuação, mas (...) os grupos terroristas armados informaram ao CICV sobre sua recusa em permitir a saída de qualquer pessoa das áreas controladas por eles", segundo a Sana.

Alegando ter o apoio de grande parte da população, o regime de Assad não reconhece os protestos e a afirma combater "grupos terroristas" sob ordens de estrangeiros.

Segundo a Sana, o Parlamento aprovou um projeto de lei que estipula que "qualquer funcionário público será destituído e privado de seu salário e de sua aposentadoria se for considerado culpado de ato terrorista" ou de cumplicidade.

Uma nova reunião estéril? Neste contexto sombrio será realizada no sábado, em Genebra, uma reunião do "grupo de contato" sobre a Síria, por iniciativa do emissário internacional Kofi Annan, na presença dos chefes da diplomacia das grandes potências (Rússia, China, Estados Unidos, Reino Unido, França) e de três Estados árabes, assim como dos secretários-gerais da ONU e da Liga Árabe.

Em um documento que será apresentado na reunião, do qual a AFP obteve uma cópia, Annan defende etapas "claras e irreversíveis" para uma transição democrática na Síria, incluindo um "governo provisório de união nacional".

Serão excluídos aqueles cuja presença "poderá comprometer a credibilidade da transição e colocar em perigo a estabilidade e a reconciliação", acrescenta o texto. Essa cláusula pode significar uma saída do poder do presidente Assad, sugeriram diplomatas.

Mas o governo russo, principal aliado do regime sírio, afirmou que não existe acordo final sobre o plano proposto por Annan e manteve a posição de rejeitar uma solução imposta do exterior, em particular no que diz respeito ao destino de Assad.

"A Rússia não pode apoiar, nem apoiará uma solução que seja imposta do exterior", declarou o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, na véspera de uma reunião em São Petersburgo com a secretária de Estado americana Hillary Clinton, que manifestou o apoio dos Estados Unidos ao "mapa do caminho" de Annan.

Lavrov lamentou que o Irã, aliado de Damasco e grande inimigo dos ocidentais, não participe na reunião e reafirmou que o futuro de Assad deve ser decidido em um diálogo nacional.

Mas o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, anunciou que se recusa a participar em um governo "enquanto Assad não for expulso do poder".

bur-ram/fp/dm

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