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Mundo

Representantes de 123 países se reúnem para discutir segurança nuclear

1 jul 2013 - 17h07
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O mundo deve fazer mais para se proteger da ameaça de um atentado nuclear, segundo a declaração ministerial adotada por 123 países nesta segunda-feira em Viena durante o começo de uma conferência internacional sobre segurança atômica.

O documento, aprovado por consenso, é resultado de um complexo processo de negociações que durou vários meses e incluiu países como o Irã, cujo programa nuclear está no centro da polêmica internacional há anos.

Cerca de 1,3 mil delegados de todos os países relevantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) participarão deste encontro até a próxima sexta-feira, com o objetivo de melhorar a segurança nuclear no planeta.

"Pedimos a todos os Estados que mantenham uma segurança nuclear altamente efetiva, incluindo a proteção física de todos os materiais radioativos, seu transporte, uso e armazenamento", estabelece o texto aprovado hoje.

Antes de detalhar, em 24 pontos, as recomendações políticas e técnicas, a declaração reconhece que "deve-se fazer mais para fortalecer a segurança nuclear em nível mundial".

O texto não contém medidas vinculativas nem exigências concretas e se limita a expor intenções, destacar esforços já feitos e enfatizar ameaças existentes.

No entanto, o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, afirmou hoje perante a imprensa que esse é "um documento muito robusto que funcionará como base para futuros esforços" e ressaltou o fato de ele ter sido adotado por meio de um consenso.

"Acredito que (a declaração) contribua para prevenir atos terroristas e evitar que a obtenção de materiais nucleares para propósitos maliciosos", disse o diretor-geral.

De acordo com a definição, existem três tipos de ações que caracterizam o terrorismo nuclear: a detonação de uma bomba atômica; a elaboração de "bombas sujas", que consiste em potencializar os efeitos do material radioativo com explosivos convencionais; e a realização de atentados contra usinas nucleares.

A declaração aprovada hoje, a primeira de seu tipo, destaca concretamente a ameaça representada pelo roubo e contrabando de materiais nucleares e reafirma a responsabilidade dos Estados de manter seguros todos os seus materiais atômicos e radioativos.

Amano explicou hoje durante a abertura da conferência que a cada ano a agência nuclear da ONU registra mais de uma centena de incidentes de roubos e desaparecimento de material radioativo.

A maior parte destes casos é de pequena importância, mas alguns são graves, advertiu o diretor-geral da agência nuclear da ONU, que acrescentou que, "infelizmente, não é possível saber se essa é apenas a ponta do iceberg".

Um dos maiores temores dos especialistas é que grupos terroristas usem materiais nucleares roubados para fabricar "bombas sujas" que ao serem detonadas poderiam contaminar centros urbanos.

A conferência desta semana, cuja abertura contou com a presença de 34 ministros e vice-ministros de diferentes países, é uma das maiores organizadas pela AIEA para discutir com exclusividade este assunto.

Uma fonte próxima à agência nuclear disse à Agência Efe que apenas por meio do fortalecimento da cooperação internacional é possível melhorar as medidas de segurança nuclear em todo o mundo, "já que os criminosos sempre irão buscar o elo mais fraco".

Entre os chanceleres presentes em Viena estava o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

Em seu discurso perante o plenário, Patriota insistiu na importância de as potências nucleares declaradas, principalmente Estados Unidos e Rússia, anteciparem seu compromisso de desfazerem seus arsenais atômicos.

"Não podemos ignorar que a contínua existência de milhares de armas nucleares representa uma grande e imediata ameaça para a paz e a segurança internacional, já que elas ameaçam a sobrevivência da Terra", alertou o ministro.

"O status quo é inaceitável", concluiu Patriota, de acordo com a transcrição de seu discurso.

EFE   
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