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Rebeldes sírios controlam fronteira com o Iraque, novo veto russo

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DAMASCO, 19 Jul 2012 (AFP) -Os rebeldes sírios tomaram o controle nesta quinta-feira da fronteira com o Iraque e se apoderaram de um posto fronteiriço com a Turquia, infligindo um novo golpe no regime de Bashar al-Assad, no quinto dia de combates de uma violência inédita na capital Damasco.Na ONU, Rússia e China aumentaram a insatisfação dos ocidentais ao imporem pela terceira vez seu veto a uma resolução do Conselho de Segurança prevendo sanções contra o regime sírio, com Washington prometendo agir "fora" da instância nesta questão.A violência continuou com intensidade com cerca de 200 mortos em todo o país, principalmente nos combates entre soldados e rebeldes e nos bombardeios efetuados pelas forças do regime em Damasco e em suas imediações, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).A rede de televisão oficial síria divulgou nesta quinta-feira imagens de Bashar al-Assad no palácio presidencial em Damasco, pondo fim às especulações alimentadas pelo seu silêncio após o atentado contra a cúpula da segurança.Um conselheiro do presidente sírio, consultado por telefone, afirmou que "ele está no palácio presidencial em Damasco com seus colaboradores e conduz o destinodo país." O canal divulgou imagens mostrando Assad com o novo ministro da Defesa, Fahd al-Freij, que substitui Daoud Rajha, morto junto com o cunhado do presidente, Assef Shawkat, e com Hassan Turkmani, chefe da célula encarregada de reprimir a revolta que sacode o regime há 16 meses.Seus funerais nacionais estão previstos para sexta-feira em Damasco, enquanto militantes contrários ao governo convocaram manifestações em todo o país com o slogan "O Ramadã da vitória será escrito em Damasco", em referência à "batalha de libertação" da capital síria lançada pelos rebeldes.No momento em que milhares de pessoas fugiam dos violentos combates na capital e que o medo predomina às vésperas do início do mês de jejum muçulmano do Ramadã, no sábado, as autoridades iraquianas afirmaram que os rebeldes sírios tinham tomado o controle da fronteira com o vizinho Iraque."Todos os postos fronteiriços entre o Iraque e a Síria estão sob o controle do Exército Sírio Livre" (ESL, composto principalmente de desertores), anunciou à AFP o vice-ministro iraquiano do Interior, Adnan al-Assadi."Limpar Damasco antes do Ramadã" Na fronteira com a Turquia, os rebeldes tomaram o posto fronteiriço de Bab al-Hawa. Eles "destruíram uma imagem de Bashar al-Assad após a retirada das tropas regulares", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.Com os eventos dramáticos em Damasco, o chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS), Abdel Basset Sayda, considerou que o regime vive "seus últimos dias".Frente à ofensiva dos rebeldes em Damasco, o Exército intensificou suas operações, atacando pela primeira vez um bairro da capital, Qaboun (leste), com "mais de 15 tanques e veículos blindados de transporte de tropas", segundo o OSDH.Uma fonte de segurança alertou que os combates "continuarão pelas próximas 48 horas" até que "Damasco seja limpa dos terroristas antes do início do Ramadã"."Até o momento, o Exército havia mostrado moderação em suas operações, mas depois do atentado (de quarta-feira), ele decidiu utilizar todas as armas ao seu alcance para acabar com os terroristas", acrescentou essa fonte.O Exército pediu à população que se distancie das zonas de combate na capital, onde a vida está praticamente paralisada com ruas bloqueadas, lojas fechadas e táxis cada vez mais raros.De acordo com uma fonte da segurança libanesa, mais de 18.600 sírios, originários principalmente da região de Damasco, fugiram desde quarta-feira para o Líbano. As autoridades iraquianas indicaram também que milhares de iraquianos estão deixando a Síria.Terceiro veto Em Nova York, Moscou e Pequim, aliados do regime sírio, votaram no Conselho de Segurança contra uma resolução ocidental que ameaça o governo sírio com sanções, pela terceira vez desde março de 2011. Esse veto compromete a mediação de Kofi Annan e a missão dos observadores da ONU.Annan se disse "decepcionado em constatar que, neste momento crucial, o Conselho não conseguiu se unir para agir de maneira firme e concertada".A Casa Branca considerou "extremamente lamentável" o duplo veto, indicando que significava que a missão de observação da ONU "não pode ser mantida".A ONU decidiu enviar a Damasco um alto funcionário militar para assumir a liderança da missão após a saída do general Robert Mood, aguardando uma decisão política sobre o destino dos observadores.Moscou justificou sua decisão afirmando que a resolução "abria caminho" para uma intervenção militar na Síria.Para o porta-voz do presidente americano, Barack Obama, Jay Carney. "Não há dúvida de que o futuro da Síria será feito sem Bashar al-Assad. Seus dias no poder estão contados. Apoiar este regime no momento em que chega ao seu fim representa um erro".Já a União Europeia se prepara para reforçar suas sanções contra a Síria e seu embargo sobre as armas, autorizando as inspeções de navios e aviões suspeitos de violá-lo.A revolta se militarizou frente à repressão brutal do regime e a violência deixou em 16 meses mais de 17.000 mortos, segundo o OSDH.bur-ram/dm

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