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Quem luta contra quem na guerra da Síria

2 out 2015 - 11h11
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Desde o início da guerra civil na Síria, em março de 2011, o conflito escalou a ponto de se transformar em uma complexa situação em que todos parecem lutar entre si. Forças leais ao presidente Bashar al-Assad, rebeldes, extremistas muçulmanos e potências estrangeiras são peças de um intrincado jogo que ficou ainda mais complicado com o início dos bombardeios por aviões russos.

Segundo a ONU, conflito na Síria matou mais de 200 mil pessoas desde 2011
Segundo a ONU, conflito na Síria matou mais de 200 mil pessoas desde 2011
Foto: AFP

Segundo estimativas da ONU, mais de 200 mil pessoas já morreram nos mais de quatro anos de conflito e há pelo menos 4 milhões de pessoas deslocadas internamente, com alguns milhares chegando diariamente à Europa em busca de refúgio.

As tropas leais a Assad lutam contra uma infinidade de grupos rebeldes cujo efetivo total é calculado em 100 mil homens. Muitos destes grupos contam com combatentes islâmicos estrangeiros. Mas há informações de que grupos libaneses e iranianos engrossaram as fileiras do governo.

No início do ano passado, entrou em cena o "Estado Islâmico", enfrentando tanto o governo quanto os rebeldes, fossem eles jihadistas ou moderados.

Entre as forças estrangeiras estão os EUA e seus aliados ocidentais, além de forças regionais como Irã, Turquia e países do Golfo Pérsico.

E a este cenário se adiciona a Rússia, que esta semana começou um campanha de bombardeios contra o que o Kremlin classificou como posições do "Estado Islâmico".

Mas de que lado estão esses atores internacionais? Veja abaixo:

EUA

Opõe-se a Assad e ao "EI" e apoia grupos rebeldes moderados. Em setembro do ano passado, o presidente Barack Obama fez um discurso em que prometeu destruir o grupo radical islâmico.

Após vários esforços diplomáticos, foi formada uma coalizão anti-EI, que, liderada pelos EUA, começou uma campanha aérea no Iraque e na Síria. Participam Canadá, Austrália, França, Reino Unido, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Turquia e vários países árabes.

Em pronunciamento recente, Obama defendeu a saída do presidente sírio como medida imprescindível para derrotar o "EI".

"É necessário um novo líder e um governo inclusivo, que una o povo sírio na luta contra os grupos terroristas", disse Obama.

Rússia

Opõe-se ao "EI" e outros rebeldes, mas apoia Assad. O Kremlin tem sido um aliado constante do regime sírio, mesmo antes do início do conflito. Além de um comprador importante para sua indústria bélica, a Rússia tem um interesse estratégico na Síria: mantém a base naval de Tartus, sua única no Mar Mediterrâneo.

A mediação russa foi fundamental para convencer o regime sírio a destruir estoques de armas químicas, no final de 2013. Na época, EUA e França discutiam no Conselho de Segurança da ONU a possibilidade de atacar posições do governo sírio, o que foi vetado pela Rússia.

Os ataques aéreos russos na Síria pegaram de surpresa os países ocidentais envolvidos. E ainda que Moscou insista que seus ataques têm como alvo "os mesmos terroristas" visados pelos americanos, há suspeitas de que os russos também estejam atacando posições rebeldes. Segundo a Casa Branca, os ataques russos tem sido "indiscriminados".

Irã

Opõe-se ao "Estado Islâmico" e militantes islâmicos de orientação sunita. Apoia o governo de Assad.

Uma das potências da Região, o Irã também tem um histórico de aliança com o regime sírio, a quem já deu apoio militar e financeiro. O Irã tem na Síria um aliado para frear a influência de seu principal rival no Oriente Médio, a Arábia Saudita. Mas o país, que segue a tradição xiita do Islã, tem um inimigo comum com EUA e Rússia: o "EI" na Síria e no Iraque, que veem xiitas como hereges.

Arábia Saudita

Opõe-se a Assad. Apoia os rebeldes sunitas.

Grande rival do Irã no Oriente Médio, a Arábia Saudita é parte da coalizão liderada pelos EUA para atacar o "EI". Em recente encontro de líderes em Nova York, o governo saudita reiterou seu desejo de ver Assad deposto. O ministro das Relações Exteriores, Adel al Jubeir, defendeu uma intervenção militar na Síria ou um armamento mais ostensivo dos rebeldes.

A Arábia Saudita é um dos principais financiadores de rebeldes de orientação sunita, incluindo alguns mais radicais. Porém, rechaçou acusações do Irã de que também teria dado dinheiro e armas para o "EI". Autoridades sauditas até expressaram publicamente preocupação com a possibilidade de as atividades do grupo extremista inspirar movimentos rebeldes em solo saudita.

No entanto, diversos sauditas mais ricos já doaram dinheiro à causa jihadista do "EI" e se estima que 2.500 homens do país tenham viajado para Síria e Iraque e se juntado às fileiras do grupo extremista.

Outros países árabes que fazem parte da coalizão liderada pelos EUA são Catar, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Jordânia.

Turquia

Apoia a coalizão liderada pelos EUA e também grupos rebeldes. Opõe-se ao regime de Assad e a separatistas curdos.

Turquia, país muçulmano também de maioria sunita, é outra potência regional envolvida no conflito sírio. Inicialmente, financiou as atividades do Exército Livre Sírio, o então principal movimento rebelde. O país também deu asilo a ativistas da oposição ao governo de Assad. Também atacou posições curdas na Síria, o que provocou polêmica diante do fato de os curdos estarem lutando contra o "Estado Islâmico".

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