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Putin resiste a sancionar regime sírio por risco de guerra civil

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, justificou nesta sexta-feira sua resistência a sancionar o regime sírio pelo risco de que a situação se transforme em uma guerra civil - mesma razão pela qual não acredita que a saída do presidente Bashar al-Assad seja uma condição para solucionar a crise.

"Não estamos apoiando Bashar al-Assad nem seus oponentes", mas "quando se afasta um presidente do poder, nem todos ficam satisfeitos" e "nosso objetivo é impedir uma guerra civil", ressaltou Putin em entrevista coletiva em Paris ao fim de seu encontro com o presidente francês, François Hollande.

Para ilustrar os riscos de derrubar o presidente sírio, Putin se referiu ao ex-ditador líbio Muammar Kadafi: "todos sabíamos que se tratava de um tirano, mas também vimos o que ocorreu na cidade de Sirte após sua derrocada".

O chefe de Estado russo se pronunciou depois que Hollande reiterou que, para conseguir ordem política em uma segunda fase, "há que haver sanções, pressões" e também que "a saída de Bashar al-Assad é uma condição prévia para a transição política".

"O regime de Assad é conduzido de forma inaceitável, intolerável" e "não haverá outra solução possível da situação que não sua saída", repetiu Hollande, que admitiu que "há risco de desestabilização", ou seja, de "guerra civil", e que isso poderia contaminar toda a região.

Questionado se considera a saída de Assad como a solução para o conflito, o presidente russo respondeu que "o que o povo sírio quiser é aceitável para nós", mas que para isso "é preciso dar fim à violência dos dois lados". Putin também mencionou que os guerrilheiros rebeldes causaram "centenas de mortes" entre a população civil.

"Não podemos solucionar a questão pelo povo sírio", acrescentou o governante, que, questionado se acolheria em seu país o presidente sírio caso isso resolvesse o conflito, disse que Assad "visitou muito mais Paris do que Moscou".

Em relação a quanto tempo é preciso dar ao enviado especial da ONU para mediar o conflito, Kofi Annan, o presidente disse que se trata de uma personalidade "muito experiente" e que "é contraproducente dizer com antecedência que será um fracasso".

Putin, que antes de passar por Paris se reuniu hoje em Berlim com a chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu que as eventuais sanções contra Damasco devem ser debatidas no Conselho de Segurança da ONU, opinou que elas "nem sempre são eficazes" e que, além disso,"é preciso evitar que a situação evolua para um cenário pior" e desencadeie "uma guerra civil".

Hollande comentou, por sua vez, que a missão de Annan "deve ir até o final" e acabar com as ações violentas, "sobretudo do governo".

"Penso que as sanções fazem parte da pressão necessária, indispensável, para uma solução política", que passa também "por um diálogo", comentou o presidente francês.

EFE   
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