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Protestos contra terrorismo marcam marcha de abertura do Fórum Social Mundial

24 mar 2015 - 17h11
(atualizado às 17h11)
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Sob chuva forte e temperatura de 15ºC, os participantes da tradicional marcha que marca a abertura do Fórum Social Mundial caminharam de forma pacífica, na tarde de hoje (24), pelas ruas da região central de Túnis, capital da Tunísia, até o Museu do Bardo, onde ocorreu o atentado terrorista que deixou 22 mortos no dia 18 de março. A reabertura do museu ao público foi celebrada com cerimônia que teve a participação da Orquestra Sinfônica tunisiana.

Sob o slogan "Povos do mundo unidos contra o terrorismo", o público de cerca de 20 mil pessoas, de diversos países, segundo a polícia, carregava faixas contra o extremismo e a violência, pedindo justiça social, liberdade e paz. Muitos gritavam palavras de ordem por uma Tunísia livre e unida contra o terrorismo e vestiam camisas com a inscrição “Je suis Bardo” (Eu sou Bardo), em alusão ao “Je suis Charlie Hebdo”, que marcou a onda de protestos contra o atentado ao jornal francês Charlie Hebdo, em Paris, no mês de janeiro. Também houve atos, bandeiras e faixas defendendo diferentes causas, como a libertação da Palestina e a luta feminista, embalados por cantos e danças.

A segurança estava reforçada ao longo de toda a caminhada e em frente ao museu, com policiais fortemente armados e cercas de arame farpado em torno do prédio.

Abir Ben Arab, de 23 anos, estudante da Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade El Manar, onde ocorre o fórum, disse que participou da marcha para mostrar que a sociedade tunisiana está unida contra o extremismo. “O que aconteceu no museu foi uma catástrofe para nós”, destacou a estudante.

O desempregado tunisiano Mrassi Oussama, de 33 anos, contou que foi à caminhada para reforçar a mensagem de que é necessário lutar contra o terrorismo. “Não se deve ter medo [do terrorismo]. É preciso lutar para acabar com os problemas sociais e políticos e defender a revolução [o levante popular que levou à derrubada do governo ditatorial de Zine Al Abidine Ben Ali, que estava há 23 anos no Poder]”.

A Tunísia é considerada o berço da Primavera Árabe, a série de levantes populares que derrubou governos autoritários na região. A transição do país para um regime democrático é tido como o único caso de sucesso da onda de contestações, já que países como Síria e Egito estão assolados por conflitos. O país promoveu eleições parlamentares e elegeu seu presidente no ano passado, o líder do partido laico Nidaa Tounès, Beji Caid Essebsi. Foi a primeira vez desde a independência tunisiana do domínio francês, em 1956, que a população escolheu livremente o presidente do país.

A estudante universitária da Argélia, Lynda Tatou, de 23 anos, destacou que esteve na marcha para enviar uma mensagem contra o que ocorre nos países árabes mergulhados em violência e extremismo. “Vim em solidariedade ao povo tunisiano. Na Argélia, ainda acontecem problemas com grupos terroristas”, disse ela.

Pela manhã, a assembleia das mulheres marcou o início das atividades do Fórum Social Mundial, que vai até o próximo sábado (28). No anfiteatro lotado da Faculdade de Direito da Universidade El Manar, mulheres e homens se mobilizaram pedindo menos violência e mais igualdade de gênero. A ativista do movimento feminista Aicha Duishi, do Sul do Marrocos, contou que veio ao fórum para apoiar a sociedade tunisiana e a luta das mulheres do Norte da África.

O Fórum Social Mundial espera reunir cerca de 60 mil pessoas, e tem quase 1,1 mil atividades previstas entre 24 e 28 de março. Mais de 4 mil organizações de 118 países estão inscritas para participar do evento, que terá como lema “Dignidade, direitos e liberdade”.

Agência Brasil Agência Brasil
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