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Presidente turco enfrenta crise após prisão de militares

O presidente turco, Abdullah Gul, enfrentava neste sábado uma crise provocada pela prisão de dois generais da reserva acusados de complô, em 2003, contra o governo islâmico moderado.

27 fev 2010 - 19h38
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O presidente turco, Abdullah Gul, enfrentava neste sábado uma crise provocada pela prisão de dois generais da reserva acusados de complô, em 2003, contra o governo islâmico moderado.

Na tarde de sexta-feira, um tribunal de Istambul decretou a prisão de dois generais da reserva, incluindo Cetin Dogan, apresentado como o suposto líder do movimento golpista de 2003.

No total, 33 oficiais superiores foram acusados pelo tribunal de Istambul, após uma operação da polícia que deteve cerca de 50 militares, na segunda-feira passada.

Dogan e os outros militares detidos são acusados de preparar o terreno para um golpe de Estado mediante ações violentas que visavam demonstrar a incapacidade do governo do AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento) para garantir a segurança do país.

O general Dogan e vários membros do Estado-Maior das Forças Armadas afirmam que o suposto complô, denunciado pela imprensa em janeiro passado, era na verdade um esquema de treinamento militar, realizado pelos Exércitos de todo o mundo.

Além dos 50 oficiais detidos - alguns soltos posteriormente - a polícia prendeu outros 18 militares na sexta-feira, a maioria de baixa patente, suspeitos de executar os atentados previstos no complô.

Segundo a oposição, as prisões são "um golpe de Estado civil", que utiliza a Justiça para debilitar os defensores de um estado laico na Turquia.

A situação é considerada de alto risco na Turquia, onde o Exército já derrubou ou contribuiu para a queda de quatro governos em 50 anos e se considera o fiador dos princípios laicos.

O presidente Gul realizou na quinta-feira uma reunião entre o chefe do Estado-Maior, general Iker Babug, e o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, e emitiu um comunicado garantindo que tudo será resolvido de forma "constitucional".

Erdogan, para quem o processo judicial revela uma "normalização" da democracia na Turquia, advertiu o Exército na sexta-feira que "ninguém está acima da lei".

Gul concordou que todo cidadão é igual perante a lei. "Se há pessoas que cometem erros em nossas instituições, elas devem ser punidas".

O presidente também garantiu que a "Turquia superará absolutamente" esta crise e destacou que o objetivo principal para a democracia turca é respeitar as normas europeias.

A crise ocorre dois anos após o chamado caso Ergenekon, no qual mais de 200 pessoas, entre generais da reserva, professores universitários e jornalistas, foram acusados de tramar para derrubar o governo.

BA/LR

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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