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Mundo

Presidente eleito do Egito começa a trabalhar em coalizão

25 jun 2012 - 13h53
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Por Edmund Blair e Marwa Awad

CAIRO, 25 Jun (Reuters) - Mohamed Mursi, o primeiro presidente eleito livremente no Egito cujos poderes já foram reprimidos pelo Exército, começou a trabalhar em uma coalizão nesta segunda-feira após visitar seu novo palácio, que no passado serviu de casa para Hosni Mubarak.

Declarado vencedor no domingo, uma semana após a votação tumultuada que o colocou contra um ex-chefe da força aérea, o islamista enfrenta o desafio de atender às altíssimas expectativas de uma nação cansada de turbulência, ao mesmo tempo em que a economia está em dificuldades.

Sua promessa de campanha de concluir a revolução que derrubou Mubarak no ano passado, mas deixou os pilares de seu governo intactos, virá contra os interesses dos generais que estão encarregados da transição para a democracia.

Pouco antes da votação presidencial histórica, um recém-eleito parlamento liderado por islâmicos foi dissolvido pelo Exército com base em uma ordem judicial, e os generais emitiram um decreto estabelecendo limites ao mandato do presidente, que restringe as ações de Mursi, mas o expõe à culpa por quaisquer falhas.

Críticos em casa e no Ocidente chamaram isso de "golpe suave".

Uma preocupação do presidente será reanimar a economia do país mais populoso do mundo árabe.

A vitória teve um impacto imediato para além das fronteiras do Egito, inspirando islâmicos que se levantaram contra os autocratas no Oriente Médio e chegaram ao poder no Norte da África. Israel teme que seu acordo de paz de 1979 com o Egito possa esfriar ainda mais.

O Irã viu a eleição como um "despertar islâmico" - apesar de Teerã e da Irmandade Muçulmana seguirem formas diferentes, muitas vezes contrárias, de fé.

DRAMÁTICA REVERSÃO DO DESTINO

Um oficial de segurança disse que Mursi, 60 anos, e sua esposa fizeram um tour pelo novo lar, no passado a residência principal de Mubarak - uma mudança dramática do destino, cheia de simbolismo para um ex-prisioneiro político, cujo grupo foi perseguido implacavelmente durante o governo de 30 anos de Mubarak.

Um assessor disse que Mursi, em seguida, foi para o Ministério da Defesa para conversações com o chefe do conselho militar, marechal Hussein Tantawi, e o primeiro-ministro nomeado pelo exército, Kamal al-Ganzouri. Eles discutiram a formação de um novo governo nas reuniões, o que os egípcios vão considerar como um sinal de que o poder real ainda está com o exército.

Como presidente, Mursi pode designar o gabinete. Seus assessores dizem que ele já entrou em contato com políticos de fora da Irmandade, como o reformista Mohamed ElBaradei. Mas os poderes legislativos permanecem com o Exército enquanto o parlamento está dissolvido, restringindo seu poder de agir.

As comemorações na Praça Tahrir, no Cairo - palco da revolução que derrubou Mubarak - se estenderam até a noite. Alguns partidários da Irmandade ainda estavam celebrando, surpresos com sua vitória que quebrou uma tradição de seis décadas de presidentes provenientes do Exército.

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